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Mostrando postagens com o rótulo Pandemia

Boaventura: O tempo, a pandemia e a desigualdade

  Há diferentes maneiras de viver o tempo, durante uma crise civilizatória. Mas há distinções também em como as classes o encaram: em um mundo com futuro nebuloso, uns buscam ultrapassar o tempo – para outros, ele é um carro na contramão… As dificuldades em explicar, interpretar ou viver o tempo são diferentes versões da mesma dificuldade em lidar com o enigma do tempo. Esta dificuldade vem de longe. Já Santo Agostinho afirmava, “o que é então o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei. Se alguém me perguntar, eu não sei responder”. O tempo partilha com o corpo esta insondável característica de nada poder ser pensado sem ele e, no entanto, de ser ele próprio relativamente pouco pensado pela reflexão humanística ou científica. O tempo atual impõe-nos o enigma do tempo com uma acuidade que não pode ser ignorada. A pandemia abalou profundamente tanto as rotinas diárias como as expectativas e os planos de futuro e, consequentemente, as percepções do passado. Dizia Aristóteles que a memória e

Cansaço, depressão, videonarcisismo: os efeitos da pandemia segundo Byung-Chul Han

Ele é talvez um dos pensadores mais proeminentes de nosso tempo. Estamos nos referindo, aliás, ao sul-coreano Byung-Chul Han (1959). Seus postulados adquirem relevância capital à luz do que está acontecendo nos dias de hoje, quando a pandemia do coronavírus atingiu e superou todos os recordes em nosso país. Para o filósofo asiático, o que deve ser entendido é que o vírus faz com que os males da sociedade que existiam antes da pandemia se destacassem com mais força. Nesse sentido, em um breve ensaio publicado  no jornal espanhol El País, ele disse que o maior sentimento de cansaço é de longe o mais perceptível. “De uma forma ou de outra, todos nos sentimos muito cansados ​​ e exaustos hoje.  É um cansa ç o fundamental, que acompanha de forma permanente e em toda a parte a nossa vida como se fosse a nossa pr ó pria sombra.   Durante a pandemia, nos sentimos ainda mais exaustos do que de costume. Até a inatividade que o confinamento nos obriga a nos cansar. Não é ociosidade, mas cans

Estudo mapeia desigualdade nas mortes por COVID-19 em São Paulo

O abismo socioeconômico do Brasil também se mostra profundo na pandemia de COVID-19. Embora o coronavírus não escolha vítimas, infectando pobres e ricos da mesma forma, o risco de perder a vida para a doença parece ser maior nas camadas mais carentes da sociedade, revela análise da mortalidade por COVID-19 na cidade de São Paulo da urbanista e doutora em saúde pública Suzana Pasternak,  publicada em nota técnica no site do Instituto Questão de Ciência (IQC) . No estudo, Suzana, também professora titular aposentada da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP), cruzou dados de óbitos na pandemia nos quase cem distritos da capital paulista, em 2020, com informações sobre a estrutura etária da população e distribuição espacial no município, indicando uma mortalidade maior em regiões de renda média mais baixa, em especial na periferia, ainda que, de modo geral, tenham menor proporção moradores de idosos, grupo de maior risco de vida pela doença. "A gente vê que distrito

Pandemia agrava preconceito contra idosos

Idosos não são ônus e contribuem economicamente à sociedade, diz professora Anita Liberalesso Neri Comentário do Blog: Na postagem anterior  usamos o termo Idadismo. Nesta entrevista, Liana Coll dá início a conversa mencionando os termos etarismo e ageísmo.  O idadismo vem do inglês "ageism" e não é mais do que a discriminação à idade, uma forma de preconceito contra os idosos. A maioria de nós reconhece que a discriminação é desagradável em todas as suas formas, mas parece que há alguns aspectos curiosos do envelhecimento que a tornam diferente de outros tipos de discriminação. O #preconceito baseado em questões de idade se agravou na pandemia de Covid-19. Os #idosos são encarados como um peso para a sociedade, para o sistema de saúde, e para a #previdência social. Além disso são alvo de piadas pela dificuldade que muitos têm para se manter em isolamento. Isso contraria a realidade brasileira, uma vez que 60% dos idosos são responsáveis pelo sustento de suas famílias. Pro

O coronavirus, nós e o mundo

Como será o mundo depois do coronavírus, segundo Yuval Noah Harari Uma das personalidades intelectuais mais influentes dos últimos anos, o historiador israelense  Yuval Noah Harari , acaba de publicar no jornal inglês  Financial Times  uma exortação aos governos mais poderosos do planeta, com o objetivo de sacudir a cidadania: não são tempos para pensar em termos de nacionalismo, nem de vantagens de saúde monopolísticas, mas para agir mais globalmente do que nunca. E com responsabilidade. Porque “as decisões que os governos e os povos tomarem, nas próximas semanas, provavelmente moldarão o mundo que teremos nos próximos anos. Não apenas formatarão nossos sistemas de saúde, mas também nossa economia, política e cultura, devemos agir com rapidez e com decisão”, argumenta o autor de " Sapiens: de Animais a Deuses, Uma Breve História da Humanidade ". A reportagem é de  Matilde Sánchez , publicada por  Clarín - Revista   Ñ , 21-03-2020. A tradução é do  Cepat . Uma palavra sobre a