Idosas exigem visibilidade e reconhecimento no 8M: "As velhas sustentam o mundo"
Um grupo de mulheres da
Cantábria expõe suas reivindicações de igualdade em um vídeo: "Não há
idades para o feminismo e sofremos dupla discriminação: por mulheres e por
mulheres idosas"
Por ruben
alonso em 6 de março de 2023 Atualizado
em 03/07/2023
“Não há idades para o feminismo e sofremos uma
dupla discriminação: por mulheres e por velhas”, dezenas de idosas de vários
municípios da Cantábria – Santander, Comillas ou Ramales de la Victoria, entre
outros – expressaram em um vídeo, articulado em torno da UNATE, da Universidade
Permanente e da Fundação European Senior Citizens Board.
Decidiram
dar um passo à frente e denunciar a "combinação de machismo e
ageísmo" que todas elas sofrem e que as impede de aparecer "como
mulheres" nas agendas de instituições públicas, famílias e até dos
próprios movimentos feministas.
Desta forma, no Dia Internacional da Mulher, prepararam um manifesto comum sob o lema 'Mulheres mais velhas visíveis nos 8M'. “As velhas sustentam o mundo”, têm reclamado, reivindicando o direito de tomarem as suas próprias decisões, ou seja, “de escolher em que assuntos ou questões familiares queremos nos envolver, e como o fazer”.
Nesse sentido, denunciaram que a sua “opinião não conta porque são
mulheres e mais velhas”, mas ao mesmo tempo recordaram: “quando envelhecemos
continuamos a contribuir e a sustentar a vida mais do que os homens”.
"A força dessas mulheres é impressionante. Muitos passaram
décadas trabalhando para que seus direitos fossem reconhecidos e respeitados; Outras
abrem os olhos depois dos 80 anos graças ao apoio mútuo e ao trabalho
comunitário com outras mulheres”, explica Mónica Ramos Toro, diretora técnica
de ambas as entidades e antropóloga e gerontóloga feminista.
Assim, o
repertório de reivindicações é amplo, colhido em depoimentos próprios: “A
pensão da viúva é a mais baixa, ainda que tenhamos trabalhado a vida toda e
continuemos a fazê-lo”; “as mulheres mais velhas nunca se aposentam porque
continuamos trabalhando em casa, mesmo que esse trabalho não seja reconhecido”; “enquanto
nós mulheres mais velhas estamos vivas somos pessoas sexuais (…) e se falamos
da nossa sexualidade nos consideram loucas ou fora de si”; “queremos
velhas que não cumprem o cânone de beleza do cinema”; “Gostaríamos de
poder estudar quando éramos meninas, por isso gostamos de ter a oportunidade de
treinar agora que somos mais velhas”, ou “as mulheres maduras têm menos
oportunidades de emprego do que os homens maduros”.
Apelam também aos movimentos feministas e recordam-lhes que
reivindicaram os seus direitos "aos 15, aos 30, aos 60...", e
censuram-lhes a sua "invisibilidade". “Não há idades para o
feminismo”, insistem: “Juntas somos mais fortes”, comentam.
Acreditávamos que nossas filhas não
precisariam lutar pelo mesmo que nós
Além disso, essas mulheres dizem estar "surpresas" por
não terem feito mais progressos em termos de igualdade. “Acreditávamos que
nossas filhas não teriam que lutar pelo mesmo que nós”, lamentaram, para
finalizar garantindo que continuarão lutando por elas, pelas mulheres: “Não é
um passo adiante, é um passo atrás ", concluem.
Na UNATE e na Fundação PEM, as duas entidades sem fins lucrativos
que lideram o trabalho com idosos na Cantábria, há anos trabalham sobre os
diferenciais da mulher idosa e destacam que em seu ambiente "se faz um
forte trabalho de igualdade, co-responsabilidade no mundo dos cuidados ou
direitos das mulheres idosas”.
“É verdade que até pouco tempo as mulheres mais velhas não faziam
parte das reivindicações do movimento feminista, mas também é verdade que elas
estão conquistando um lugar merecido para si e que podem ser muito valiosas”,
conclui.
Fonte : https://www.eldiario.es/cantabria/ultimas-noticias/mujeres-mayores-exigen-visibilidad-reconocimiento-8m-viejas-sostenemos-mundo_1_10007275.html
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