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O processo de envelhecimento e o exercício de cidadania

Comentário do Blog: Em 2018 durante o Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 foi apresentado o projeto de Pesquisa intitulado: O processo de envelhecimento e o exercício da cidadania do sujeito idoso como proposta de um livro-reportagem por: Felipe Collar BERNI, Tiago LENARTOVICZ da Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR.  deixo o Link e transcrevo  o Resumo e a Introdução do documento. Tenho buscado o resultado desta pesquisa e nada encontrei. Mesmo assim, a proposta é interessante. Aqui a deixo registrada. O link:  https://portalintercom.org.br/anais/nacional2018/resumos/R13-1304-1.pdf

RESUMO O projeto busca construir uma pauta que permeia as problemáticas e os desafios que envolvem o processo de envelhecimento e a participação política do sujeito idoso no processo eleitoral brasileiro do ano de 2018, tendo como meio o livro-reportagem. Interligar à velhice, à cidadania e o jornalismo literário potencializando um debate fluído, democrático e cidadão se torna preocupação e objeto desta proposta.

PALAVRAS-CHAVE: jornalismo literário; livro-reportagem; eleição; idosos.

INTRODUÇÃO O envelhecimento é uma das problemáticas que atinge a contemporaneidade. De acordo com Thaty (2017), em 2050, um em cada três brasileiros serão idosos, desta forma se legitima a urgência em incluir no cotidiano discussões em questões referentes à velhice.

Nesse sentido a comunicação tende assumir seu papel mediador dessa abordagem, para tornar as múltiplas formas de manifestação do envelhecimento objeto de estudo para a compreensão do passado, do presente e do futuro de uma determinada comunidade, da mesma forma para o fortalecimento do processo inclusivo desse grupo na sociedade.

A velhice é defendida por Beauvoir (1990) como um fenômeno biológico com consequências psicológicas, que modifica a relação do homem no tempo, com o mundo e com a sua própria história. O idoso carrega consigo não apenas suas percepções e experiências vividas, mas a construção da própria história de uma sociedade. Desta  forma, resgatar sua memória contribui para pensar e atuarmos frente um mundo cada vez mais idoso. É a partir dessa realidade que se faz necessário pautar a velhice na ciência, nos meios de comunicação e no cotidiano, para que, com isso, esta temática ultrapasse os limites da vida particular de cada indivíduo ou família para atrair o olhar e a atenção de nossa sociedade (BARROS, 2006, p. 9).

Para isso, se faz prudente ressaltar que a população idosa não corresponde a um grupo homogêneo, e essa heterogeneidade se esbarra na condicionante de humanidade de todo o cidadão: a política. Da mesma forma que existe a exclusão ou o baixo interesse em discutir a velhice nas mais diversas frentes da sociedade como na ciência, no esporte, no lazer, na educação e no embate político essa omissão também se manifesta. A própria população idosa, muitas vezes, impulsiona essa omissão no debate, pois velho é sempre o outro, não eu, como discuti Ploner (2008) ao abordar a identidade que os idosos, majoritariamente, se auto dão, a partir do imaginário impregnado na sociedade sobre a inutilidade do cidadão idoso, de sua dependência em relação à outra pessoa e dos problemas relacionada à saúde; ao passo que qualquer característica que esses idosos venham a ter que foge aos estereótipos imputados, faz com que se coloque em uma situação de não-idoso, uma vez que não comporta os atributos dados a esse grupo.

Pensar a política é permear as discussões da coletividade, do interesse comum e do estender-se a todos. Dallari (1984, p.10) aponta a política como a “conjugação das ações de indivíduos e grupos humanos, dirigindo-as a um fim comum”, desta forma destaca o direito de participação de todo o indivíduo na tomada de decisões, ou seja, todos os cidadãos têm a garantia da participação política, incluindo os idosos.

Portanto, pautar o sujeito idoso em referência a sua participação política é instrumento de fortalecimento da própria democracia. Uma ferramenta para aproximar e repensar como se dá a inclusão da velhice nesse processo, além de debater a maneira como isso se expressa, tanto na política institucionalizada quando na política cotidiana, nas relações trabalhistas, familiares e sociais, ambas exercidas sob a óptica das relações de poder, debatidas por Foucault (2014). 2 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018.

 

 Desta forma, o processo eleitoral brasileiro que ocorrerá no ano de 2018 é um rico laboratório para a documentação da atuação da velhice. A polarização política que o país passa, além do constante choque entre percepções, faz com que o espaço-temporal seja propício para observar como o idoso comporta-se nessa situação, além de presenciar como o envelhecimento é abordado nas propostas de governo.

É nessa circunstância que este projeto surge e busca tocar. Seu resultado final se condensa na construção de um livro-reportagem que consiga, a partir do jornalismo literário, pautar a velhice na política especificamente no processo eleitoral de 2018, questionando sua participação ou não; do seu imaginário e interesse; de suas vivências e experiências. A opção pela reportagem é defendida por Brum (2008, p.14) como “documento da história contemporânea, como vida contada, como testemunho”.

O livro se torna objeto que consegue agregar e concentrar a multiplicidade da cultura dos meios orais, escritos e imagéticos, possibilitando assim a expansão da narrativa para formatos que melhor transmitem a narrativa.

A necessidade em insistir no debate da velhice se legitima pela falta de interesse das ciências pelo estudo desse grupo social e dos processos de envelhecimento a ele condicionados, como defende Barros (2006, p.7). Pelo crescente envelhecimento populacional que já se configura no Brasil contemporâneo e em outros tantos países.

O projeto se torna também instrumento da tentativa de cada vez mais tornar o processo político brasileiro mais democrático. O jornalismo literário impulsiona a subjetividade e possibilita ao leitor um caminho aberto para a construção de sua própria interpretação da narrativa exposta. Na sequência apresento os percursos de estudos, pesquisas, métodos e execuções.

1 Trabalho apresentado no IJ07 – Comunicação, Espaço e Cidadania, da Intercom Júnior – XIV Jornada de Iniciação Científica em Comunicação, evento componente do 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação 2 Acadêmico do curso de Comunicação e Multimeios da UEM, e-mail: felipecollar@gmail.com 3 Orientador do trabalho. Professor do curso de Comunicação e Multimeios da UEM, e-mail: tiagolenart@gmail.com.

Fonte: https://portalintercom.org.br/anais/nacional2018/resumos/R13-1304-1.pdf


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