Artigo de Claudio Maierovitch
Nos primeiros meses da pandemia de Covid-19, apesar da escassez de conhecimentos, era mais simples fazer projeções de futuro, com base na taxa de transmissão do vírus e nas proporções de casos graves, hospitalizações e óbitos.
De lá para cá, parte da população teve infecção, ganhando algum grau de imunidade; chegaram —com alcance e velocidade muito heterogêneos pelo mundo— diversas vacinas, altamente efetivas para reduzir casos graves e óbitos, mas que não impedem a transmissão. Novas variantes do Sars-CoV-2 têm surgido, com características diferentes da original, inclusive no que se refere à possibilidade de escapar da imunidade adquirida. Atitudes, comportamentos e ambientes mudaram. Além disso, começam a se tornar disponíveis alguns medicamentos que apresentam bons resultados no tratamento da doença.
Fazer previsões tornou-se uma tarefa de grande complexidade. Embora os casos e óbitos diários no Brasil tenham caído muito desde o início de 2022 e seja improvável uma explosão semelhante às outras que houve, a situação é de intranquilidade, com números que ainda indicam muito sofrimento humano.
Desenhar cenários para as próximas semanas ou meses é tarefa arriscada. Contrariando a ideia de que a crise passou, linhagens BA.2, BA.4 e BA.5, derivadas da variante ômicron, fazem aumentar os casos em vários países e podem infectar até quem teve infecção recentemente. Persistem incertezas quanto à duração da proteção conferida pela doença e pelas vacinas e sobre a possibilidade de efeitos prolongados da Covid.
É certo que o vírus continuará circulando, e tem se tornado comum ouvir que precisamos aprender a conviver com ele. Esta frase esconde uma pergunta essencial: qual é a intensidade tolerável para esta instável e perigosa convivência?
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