A professora Sandra Souza analisa os estereótipos utilizados para retratar os idosos em anúncios, com os quais o público dessa faixa etária pouco se identifica. Jornal da USP (*)
A imagem dos idosos na mídia é comumente estereotipada e não se adequa
às verdadeiras necessidades e nuances dessa faixa etária. A professora Sandra
Souza, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, fala ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição sobre o estudo de
mestrado de que conduziu, de Amanda Cristina de Oliveira, para analisar a
representação da velhice em peças publicitárias, em especial imagens que retratam
a relação dos indivíduos com tecnologias de informação e comunicação.
a) se os idosos estão usando mais as TICs e o mercado consumidor formado
por esta faixa etária está em ascensão, como este cenário vem sendo
representado nos discursos atuais da publicidade?;
b) o idoso é abordado como público-alvo relevante ou apenas como
personagem para chamar atenção de outras faixas etárias?;
c) quais são os estereótipos mais recorrentes associados à velhice
nessas mensagens publicitárias ou marcárias?
Primeiramente, Sandra explica que a aparição de idosos na mídia segue
dois possíveis padrões: o idoso é retratado como uma pessoa fragilizada e
dependente – opção pouco explorada na publicidade, por não corresponder ao
ideal de vida que a mesma promove -, ou de forma romantizada.
Conforme a professora, a narrativa midiática “traz uma versão da velhice
na qual a pessoa vive eternamente com alguém ao seu lado, envelhece e morre com
seu parceiro, e não possui limitação alguma. As pessoas que chegam nessa faixa
etária não se veem nesses anúncios”.
O estereótipo mais recorrente, presente em 37% das peças, foi chamado
pelas autoras de avós digitais e reforça uma percepção de que o idoso é ligado
à família, transmite amabilidade e gentileza e usa a tecnologia com
desenvoltura. No total, sete estereótipos foram identificados, demonstrando uma
heterogeneidade de visões acerca da velhice presente no mercado publicitário.
Para Sandra, as falhas na representação da velhice ocorrem porque quem
cria tais imagens é o adulto contemporâneo, que ainda não chegou nessa fase da
vida. “Os idosos estão cada vez mais utilizando a tecnologia e, com a ascensão
do marketing digital, eles estão perdendo um mercado consumidor em potencial”,
conta a professora.
Para uma representação transparente e precisa da velhice, Sandra
recomenda “ouvir essas pessoas, e não presumir que se sabe tudo sobre elas”.
Além disso, a entrevistada ressalta a necessidade de retratar tal público de
forma menos homogênea, uma vez que idosos de diferentes idades apresentam
demandas e limitações distintas.
Confira aqui o estudo completo. Fonte: https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/idosos-sao-retratados-de-forma-estereotipada-pela-midia/
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