Data celebra importantes conquistas da comunidade surda e reitera lutas e resistência
Por: Juliane Farah Arnone Mestre em Linguística pela
Universidade de São Paulo e especialista em Libras
No dia 26 de Setembro é comemorado o Dia Nacional
dos Surdos no Brasil. Esta data marca a fundação, em 1857, no Rio de Janeiro,
do primeiro instituto de educação para surdos do país, atualmente chamado de
Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).
No Dia dos Surdos, além de serem celebradas as
importantes conquistas da comunidade surda, são reiteradas suas lutas e sua
resistência. Temos a oportunidade e somos convidados a refletir e a debater
sobre questões importantes acerca de temas como os direitos dos surdos, acessibilidade e minorias
linguísticas.
João Victor Torres
Rocco, que é surdo, e sua mãe, Neusa Torres Rocco D´Arena - Rubens
Cavallari/Folhapress
É importante ressaltar que quando falamos em
comunidade surda, estamos nos referindo a uma comunidade heterogênea e diversa.
Sendo assim, a partir de diferentes contextos e vivências, cada pessoa possui
uma relação individual com a surdez. Existem vários fatores que podem
influenciar nessa relação como, por exemplo, o grau da surdez, a presença (ou
não) de pais ou outros parentes surdos, a forma como a pessoa se relaciona e se
identifica com a língua de sinais, entre outros.
A surdez é também uma questão identitária e
cultural. Assim, pessoas que se identificam como surdas compartilham de
diversos elementos que as unem: uma língua própria –a língua de sinais–, uma cultura
surda e uma comunidade da qual fazem parte –a comunidade surda.
Diante desta perspectiva, a surdez não é uma perda
ou algo que falta ao indivíduo, mas sim uma forma diferente de experimentar o
mundo (que é majoritariamente ouvinte). A língua de sinais, neste contexto,
além de ser a principal forma de comunicação, é parte fundamental da cultura
com a qual os surdos se identificam.
No Brasil, a Libras (Língua Brasileira de Sinais) é a
língua utilizada pela comunidade surda e foi reconhecida como meio legal de
comunicação no país por meio da promulgação da lei 10. 436 de 2002 e
regulamentada pelo Decreto 5626 de 2005.
A lei é um importante marco da comunidade surda brasileira. Além de reconhecer a língua como meio legal de comunicação, assegura o acesso das pessoas surdas à educação e à saúde, bem como a formação de professores e instrutores capacitados em Libras.
Os direitos conquistados devem ser celebrados como
atos de resistência da comunidade surda que, muitas vezes, foi relegada e
negligenciada ao longo da história. As línguas de sinais, por exemplo, foram
frequentemente rebaixadas, não sendo consideradas línguas e, muitas vezes,
foram proibidas de serem utilizadas.
Nesse sentido, destaca-se o evento conhecido como o Congresso de Milão, ocorrido em 1880 na Itália. Nessa ocasião as línguas de sinais foram proibidas de serem utilizadas nos sistemas educacionais da época. O fato de possuirmos uma lei que legitima a Libras e a liberdade de sua utilização é resultado de muita luta da comunidade surda.
Continuamos, porém, nos deparando com os reflexos
da negligência, preconceitos e falta de informação com relação à surdez e que
precisam ser combatidos. Ainda no que diz respeito às línguas de sinais, é
comum nos depararmos com o termo equivocado “linguagem de sinais” para
descrevê-las, retirando o seu status de língua.
As línguas de sinais não são como gestos ou
mímicas, pois possuem uma estrutura gramatical e regras de funcionamento.
Também não são, como muitos pensam, uma língua universal –a Libras é diferente
das línguas de sinais utilizadas em outros países como, por exemplo, da ASL,
língua utilizada pelos surdos nos Estados Unidos. Esses desconhecimentos
demonstram a importância de se investir em projetos de difusão de ensino e
aprendizagem da Libras, para promover a ampliação do conhecimento sobre a
língua e a cultura surda.
A despeito das dificuldades e preconceitos, a
comunidade surda continua a sua luta para a conquista de seus direitos. Temos
observado com maior frequência nos últimos tempos a presença do intérprete de
Libras e do recurso de legendagem em programas de televisão, em museus, teatros
e outros espaços públicos.
Do mesmo modo, ampliou-se a participação ativa e
atuação dos surdos entre as lideranças políticas, bem como nos setores
artísticos, culturais, educacionais e em diversos segmentos do mercado de
trabalho, o que é fundamental para o fortalecimento da representatividade e da
diversidade.
Dessa forma, o Dia dos Surdos, além de celebrar a
cultura surda e as conquistas históricas da comunidade, incita reflexões sobre
a importância da ampliação e reconhecimento dos direitos dos surdos, uma luta
que é contínua, permanente e deveria ser de todos nós.
Os direitos conquistados devem ser celebrados como atos de resistência da comunidade surda que, muitas vezes, foi relegada e negligenciada ao longo da história. As línguas de sinais, por exemplo, foram frequentemente rebaixadas, não sendo consideradas línguas e, muitas vezes, foram proibidas de serem utilizadas.
Nesse sentido, destaca-se o evento conhecido como o Congresso de Milão, ocorrido em 1880 na Itália. Nessa ocasião as línguas de sinais foram proibidas de serem utilizadas nos sistemas educacionais da época. O fato de possuirmos uma lei que legitima a Libras e a liberdade de sua utilização é resultado de muita luta da comunidade surda.
Continuamos, porém, nos deparando com os reflexos
da negligência, preconceitos e falta de informação com relação à surdez e que
precisam ser combatidos. Ainda no que diz respeito às línguas de sinais, é
comum nos depararmos com o termo equivocado “linguagem de sinais” para
descrevê-las, retirando o seu status de língua.
As línguas de sinais não são como gestos ou
mímicas, pois possuem uma estrutura gramatical e regras de funcionamento.
Também não são, como muitos pensam, uma língua universal –a Libras é diferente
das línguas de sinais utilizadas em outros países como, por exemplo, da ASL,
língua utilizada pelos surdos nos Estados Unidos. Esses desconhecimentos
demonstram a importância de se investir em projetos de difusão de ensino e
aprendizagem da Libras, para promover a ampliação do conhecimento sobre a
língua e a cultura surda.
A despeito das dificuldades e preconceitos, a
comunidade surda continua a sua luta para a conquista de seus direitos. Temos
observado com maior frequência nos últimos tempos a presença do intérprete de
Libras e do recurso de legendagem em programas de televisão, em museus, teatros
e outros espaços públicos.
Do mesmo modo, ampliou-se a participação ativa e
atuação dos surdos entre as lideranças políticas, bem como nos setores
artísticos, culturais, educacionais e em diversos segmentos do mercado de
trabalho, o que é fundamental para o fortalecimento da representatividade e da
diversidade.
Dessa forma, o Dia dos Surdos, além de celebrar a
cultura surda e as conquistas históricas da comunidade, incita reflexões sobre
a importância da ampliação e reconhecimento dos direitos dos surdos, uma luta
que é contínua, permanente e deveria ser de todos nós.
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