Os temas que levam brasileiros a pedir ajuda na
pandemia e por que estar triste é tão comum
Por Ricardo Senra
- @ricksenra da BBC News Brasil em Londres. Em 25 janeiro 2021
Coronavírus
transformou rotina de atendimentos do centro de valorização à vida; "Nunca
foi tão importante falar sobre suicídio", diz voluntário à BBC News Brasil. GETTY IMAGES
Antonio Batista é um engenheiro de 67 anos. Há 22, ele faz plantões entre as 3h e as 7h no Centro de Valorização da Vida (CVV) em São Paulo. O horário é disputado.
"Nunca foi tão
importante falar sobre suicídio", diz Batista à BBC News Brasil por
telefone, em referência aos impactos da pandemia do novo coronavírus na saúde
mental das pessoas.
Segundo o voluntário, estudos apontam que cerca de 35 milhões de brasileiros em algum momento da vida
pensarão no assunto, por diversos motivos. Com o novo coronavírus, ele conta, o
perfil destes homens e mulheres ganha novos contornos.
A voz de Batista é
tranquila, amigável e todo tempo ressalta a importância de atos simples.
Escutar. Falar. Entender.
A
entrevista que duraria 15 minutos acaba se estendendo por mais de uma hora. O
papo flui com serenidade.
"Pensar em
suicídio faz parte da vida. Agora, pensar em suicídio não significa
necessariamente pensar em morte", ele diz, tranquilizando aqueles que se
veem em situação de desespero. "É pensar que às vezes a vida está muito
difícil. E, então, não ver sentido na vida."
Aí entra o poder
muitas vezes subestimado do diálogo sem julgamentos.
"Quando você
consegue desabafar em um ambiente de compreensão, de acolhimento, sem crítica,
sem julgar, sem condenar, muito menos desvalorizar o que a pessoa está fazendo,
ela se alivia. Ela tem um olhar para o seu interior e pode ver seus recursos
para lidar com situações que não são nada fáceis. O voluntário atende a todas
as ligações com a maior importância. A pessoa que nos procura é a protagonista.
Nós não avaliamos o tamanho da dor. Uma história que pode parecer simples para
alguém para aquela pessoa é de suma importância."
Desde meados de março
do ano passado, quando a pandemia foi declarada pela Organização Mundial da
Saúde, "o assunto está presente em grande parte desses contatos",
conta o voluntário do CVV. Fundada em 1962 e que
hoje tem 4,2 mil voluntários atendendo a mais de 3,5 milhões de contatos por
ano - entre chamadas telefônicas pelo número 188 (ligação gratuita para
telefones fixos e celulares), chats (pelo site https://www.cvv.org.br/)
e e-mail (https://www.cvv.org.br/e-mail/).
À reportagem Batista
descreve a matéria-prima de seu trabalho. "Conversar é saber ouvir e poder
falar. Ouvir é estar atento. Nunca foi tão importante saber ouvir e se
aproximar de quem está sofrendo. Entender que as pessoas estão sofrendo."
Da ansiedade pelo fim
da pandemia que não chega aos novos conflitos domésticos que o coronavírus
trouxe, Batista relata como as mudanças de comportamento impostas pela doença
se refletem nos chamados ao CVV em diferentes temas. Confira a seguir os
principais:
A morte está presente mais do que nunca nesta geração - mas
despedir-se de pessoas queridas ficou mais difícil. GETTY IMAGES
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Duas formas de ver a velhice. Você está convidado a "poetizar" por aqui . Sobre o tema que lhe agradar. Construiremos a várias mãos "o domingo com poesia". A Velhice Pede Desculpas - Cecília Meireles, in Poemas 1958 Tão velho estou como árvore no inverno, vulcão sufocado, pássaro sonolento. Tão velho estou, de pálpebras baixas, acostumado apenas ao som das músicas, à forma das letras. Fere-me a luz das lâmpadas, o grito frenético dos provisórios dias do mundo: Mas há um sol eterno, eterno e brando e uma voz que não me canso, muito longe, de ouvir. Desculpai-me esta face, que se fez resignada: já não é a minha, mas a do tempo, com seus muitos episódios. Desculpai-me não ser bem eu: mas um fantasma de tudo. Recebereis em mim muitos mil anos, é certo, com suas sombras, porém, suas intermináveis sombras. Desculpai-me viver ainda: que os destroços, mesmo os da maior glória, são na verdade só destroços, destroços. A velhice - Olavo Bilac Olha estas velhas árvores, ma
De Mario Quintana.... mulheres. Aos 3 anos: Ela olha pra si mesma e vê uma rainha. Aos 8 anos: Ela olha para si e vê Cinderela. Aos 15 anos: Ela olha e vê uma freira horrorosa. Aos 20 anos: Ela olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, decide sair mas, vai sofrendo. Aos 30 anos: Ela olha pra si mesma e vê muito gorda, muito magra, muito alta, muitobaixa, muito liso muito encaracolado, mas decide que agora não tem tempo pra consertar então vai sair assim mesmo. Aos 40 anos: Ela se olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, mas diz: pelo menos eu sou uma boa pessoa e sai mesmo assim. Aos 50 anos: Ela olha pra si mesma e se vê como é. Sai e vai pra onde ela bem entender. Aos 60 anos: Ela se olha e lembra de todas as pessoas que não podem mais se olhar no espelho. Sai de casa e conquista o mundo. Aos 70 anos: Ela olha para si e vê sabedoria, ri
Não se lamente por envelhecer: é um privilégio negado a muitos Por Revista Pazes - janeiro 11, 2016 Envelhecer é um privilégio, uma arte, um presente. Somar cabelos brancos, arrancar folhas no calendário e fazer aniversário deveria ser sempre um motivo de alegria. De alegria pela vida e pelo o que estar aqui representa. Todas as nossas mudanças físicas são reflexo da vida, algo do que nos podemos sentir muito orgulhosos. Temos que agradecer pela oportunidade de fazer aniversário, pois graças a ele, cada dia podemos compartilhar momentos com aquelas pessoas que mais gostamos, podemos desfrutar dos prazeres da vida, desenhar sorrisos e construir com nossa presença um mundo melhor… As rugas nos fazem lembrar onde estiveram os sorrisos As rugas são um sincero e bonito reflexo da idade, contada com os sorrisos dos nossos rostos. Mas quando começam a aparecer, nos fazem perceber quão efêmera e fugaz é a vida. Como consequência, frequentemente isso nos faz sentir desajustados e incômodos
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