Pular para o conteúdo principal

“Políticas Sociais e Gerontologia”

Livro “Políticas Sociais e Gerontologia” está disponível online

A nossa motivação na proposição do livro iniciou com um debate entre os organizadores, destacando o espaço que a Gerontologia, nas diversas concepções teóricas, vem ocupando nas políticas sociais e na produção científica.

Denis Cezar Musial Áurea Eleotério Soares Barroso Juliana Ferreira Marcolino-Galli Fernanda Rocha (*)

Aproposta reflexiva deste livro “Políticas Sociais e Gerontologia: diálogos contemporâneos” é um conjunto de produções críticas e reflexivas que caminham e expressam as políticas sociais sob diversos olhares, proporcionando um aprofundamento sobre o envelhecimento na sociedade contemporânea. A nossa motivação na proposição do livro iniciou com um debate entre os organizadores, destacando o espaço que a Gerontologia, nas diversas concepções teóricas, vem ocupando nas políticas sociais e na produção científica.

Ressaltamos que a pauta do envelhecimento está em descompasso com a constituição das políticas sociais. Apesar de muitos avanços nos marcos jurídicos e nas normativas, implantação efetiva dessas políticas estão distantes para responder ao cenário brasileiro.

Ao finalizarmos essa organização, notamos que a complexidade e a heterogeneidade da temática proposta foi explorada e, o leitor poderá vivenciar isso em dois sentidos: (1) pela presença de aproximadamente cinquenta e sete (57) pesquisadores, pesquisadoras, trabalhadores, trabalhadoras que possuem como motor a ciência e o envolvimento afetivo pela defesa da vida e, consequentemente pela defesa ao envelhecimento com dignidade e, (2) pelo universo de cada pesquisador(a) que demonstra o quanto esse debate é amplo, diversificado e dependente das demandas regionais do Brasil, principalmente quando se manifestam num contexto de acirramento das desigualdades sociais e de recuo do estado em propor políticas públicas.

O livro é composto por vinte e sete capítulos, organizados em quatro seções, quais sejam: (1) Proteção Social, Velhices e Políticas Sociais; (2) Cuidados de Longa Duração e Instituições de Longa Permanência; (3) Serviço Social, Velhices e Políticas Sociais e; (4) Velhices contemporâneas. Essa divisão dos capítulos em seções é meramente didática para facilitar a aproximação entre os temas, mas reconhecemos que as discussões apresentadas dialogam e articulam entre si.

Além disso, após o prefácio da Profª Solange Teixeira que traz uma história viva da política nacional do idoso, abrimos as reflexões deste livro pela entrevista com o Mestre Marcelo Antônio Salgado – Assistente Social e um dos pioneiros que impulsionou as políticas públicas para a população idosa. Sua história de vida culmina com a profissional e, nosso reconhecimento fica registado aqui. A entrevista foi mediada pelo Assistente Social Denis Cezar Musial, através da indicação feita pela Profª Drª Áurea Eleotério Soares Barroso.

Como finalização do livro, destacamos um breve ensaio desenvolvido pelas pesquisadoras Evany Bettine de Almeida e Thais Bento Lima da Silva da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG), reafirmando o compromisso desta instituição em defesa da ciência na perspectiva da garantia dos direitos humanos e da Gerontologia enquanto área que também insere os profissionais nas políticas sociais.

A seção sobre proteção social, velhices e políticas sociais contempla um conjunto de dezessete capítulos que percorrem diversos caminhos e, perpassam as políticas sociais em diversos âmbitos, como habitação, saúde, educação, assistência social. Neste conjunto, sublinha-se as velhices plurais, especialmente as “velhices vulneráveis” – compreendidas como aquelas que se afastam do padrão de envelhecimento ativo. Ainda nesta seção, pontua-se os desafios em envelhecer no cenário brasileiro frente às políticas sociais insuficientes por parte do estado que, por sua vez, transfere essa responsabilidade para a sociedade civil através das redes de solidariedade e do voluntariado.

A seção sobre cuidados de longa duração e instituições de longa permanência, com seis capítulos, compartilha experiências brasileiras e outros países sobre a política de cuidados, marcando a importância da política pública nos espaços que têm sido comandados, predominantemente, pela sociedade civil. Os autores reconhecem a ILPI como um espaço de cuidado e moradia, rompendo paradigmas de espaços depositários para o fim da vida.

A seção sobre serviço social, velhices e políticas sociais expõe a atuação do assistente social nas dinâmicas do envelhecimento, proporcionando ampliação da discussão na categoria profissional. O campo de maior empregabilidade dos assistentes sociais são as políticas sociais, o que convoca demanda de formação e produção científica na consolidação do projeto ético-político profissional. Tal seção compõe-se em três capítulos.

A seção “velhices contemporâneas” atravessa temas recentes na pauta do envelhecimento. Um panorama histórico pode ser encontrado nesta seção quanto às conquistas e desafios no século XXI, além de capítulos que discutem a desigualdade de gênero, o lazer, o impacto da tecnologia e o enfrentamento da pandemia que estamos vivenciando.

Entretanto, o debate não se encerra. Ao contrário, promove diálogos atualizados e voltados às demandas urgentes que o envelhecimento produz na sociedade contemporânea. Espera-se que a leitura deste livro seja um caminho para outros olhares, com novos diálogos e, cada vez mais nos engaje na construção coletiva de práticas e saberes voltados às velhices plurais.

A sua leitura e o nosso diálogo é também resistência de que VIDAS IMPORTAM! VELHICES IMPORTAM!

(*) Denis Cezar Musial Áurea Eleotério Soares Barroso Juliana Ferreira Marcolino-Galli Fernanda Rocha são organizadores do E-book “Políticas Sociais e Gerontologia: diálogos contemporâneos”

Serviço
Livro “Políticas Sociais e Gerontologia: diálogos contemporâneos
Organizadores: Denis Cezar Musial Áurea Eleotério Soares Barroso Juliana Ferreira Marcolino-Galli Fernanda Rocha
Editora: Uniedusul (PR)
Ano: 2020
Páginas: 392
Link de acesso: https://www.uniedusul.com.br/publicacao/politicas-sociais-e-gerontologia-dialogos-contemporaneos/

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Dente-de-Leão e o Viva a Velhice

  A belíssima lenda do  dente-de leão e seus significados Segundo uma lenda irlandesa, o dente-de-leão é a morada das fadas, uma vez que elas eram livres para se movimentarem nos prados. Quando a Terra era habitada por gnomos, elfos e fadas, essas criaturas viviam livremente na natureza. A chegada do homem os forçou a se refugiar na floresta. Mas   as fadas   tinham roupas muito chamativas para conseguirem se camuflar em seus arredores. Por esta razão, elas foram forçadas a se tornarem dentes-de-leão. Comentário do Blog: A beleza  do dente-de-leão está na sua simplicidade. No convívio perene com a natureza, no quase mistério sutil e mágico da sua multiplicação. Por isso e por muito mais  é que elegi o dente-de-leão  como símbolo ou marca do Viva a Velhice. Imagem  Ervanária Palmeira   O dente-de-leão é uma planta perene, típica dos climas temperados, que espontaneamente cresce praticamente em todo o lugar: na beira de estrada, à bei...

Os dentes e o contato social

Antônio Salazar Fonseca é membro da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética Crédito: Juliana Causin/CBN. sábado, 19/09/2015, 09:30  'Ausência dos dentes leva à ruptura do contato social', afirma dentista. Antônio Salazar Fonseca explica que a prevenção é fundamental para manter a saúde da boca. Segundo ele, as próteses têm tempo de vida útil, portanto os usuários devem renová-las. http://cbn.globoradio.globo.com/programas/50-mais-cbn/2015/09/19/AUSENCIA-DOS-DENTES-LEVA-A-RUPTURA-DO-CONTATO-SOCIAL-AFIRMA-DENTISTA.htm "É importante que qualquer pessoa visite o dentista de seis em seis meses. Em caso de próteses, elas devem ser reavaliadas a cada dois anos, o que, geralmente, não acontece. Maioria da população não tem dentes naturais Com as próteses, o problema cresce ainda mais. A maioria das pessoas não tem o hábito de fazer a manutenção constante regularmente e, com o passar dos anos, elas vão ficando desadaptadas. "Muitos deixam até de usá-las e acabam ingerindo...

‘Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras’ – Manoel de Barros

  Dirigido pelo cineasta vencedor do Oscar, Laurent Witz, ‘Cogs’ conta a história de um mundo construído em um sistema mecanizado que favorece apenas alguns. Segue dois personagens cujas vidas parecem predeterminadas por este sistema e as circunstâncias em que nasceram. O filme foi feito para o lançamento internacional da AIME, uma organização de caridade em missão para criar um mundo mais justo, criando igualdade no sistema educacional. O curta-animação ‘Cogs’ conta a história de dois meninos que se encontram, literalmente, em faixas separadas e pré-determinadas em suas vidas, e o drama depende do esforço para libertar-se dessas limitações impostas. “Andar sobre trilhos pode ser bom ou mau. Quando uma economia anda sobre trilhos parece que é bom. Quando os seres humanos andam sobre trilhos é mau sinal, é sinal de desumanização, de que a decisão transitou do homem para a engrenagem que construiu. Este cenário distópico assombra a literatura e o cinema ocidentais. Que fazer...

Chapéu Violeta - Mário Quintana

Aos 3 anos: Ela olha pra si mesma e vê uma rainha. Aos 8 anos: Ela olha para si e vê Cinderela. Aos 15 anos: Ela olha e vê uma freira horrorosa. Aos 20 anos: Ela olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, decide sair mas, vai sofrendo. Aos 30 anos: Ela olha pra si mesma e vê muito gorda, muito magra, muito alta, muitobaixa, muito liso muito encaracolado, mas decide que agora não tem tempo pra consertar então vai sair assim mesmo. Aos 40 anos: Ela se olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, mas diz: pelo menos eu sou uma boa pessoa e sai mesmo assim. Aos 50 anos: Ela olha pra si mesma e se vê como é. Sai e vai pra onde ela bem entender. Aos 60 anos: Ela se olha e lembra de todas as pessoas que não podem mais se olhar no espelho. Sai de casa e conquista o mundo. Aos 70 anos: Ela olha para si e vê sabedoria, risos, habilidades, sai para o mundo e aproveita a vida. Aos 80 an...

Se puder envelheça

Os poetas tem o dom de saber colocar em palavras coisas que sentimos e não sabemos explicar, quando se trata de velhice as opiniões divergem muito, e como poeta, talvez Oswaldo Montenegro te convença a olhar para o envelhecimento com outro olhar, mais gentil com sua história, mais feliz com seu presente. Leia: “A pergunta é, que dia a gente fica velho? Não vem dizer que ‘aos poucos’, colega, faz 5 minutos que eu tinha 17 anos e fui-me embora de Brasília, pra mim meu primeiro show foi ontem, e hoje eu tô na fila preferencial pra embarcar no avião. Tem um garoto dentro de mim que não foi avisado de que o tempo passou e tá louco pra ter um filho, e eu já tenho netos. Aconteceu de repente, o personagem do Kafka acordou incerto, eu acordei idoso, e olha que eu ando, corro, subo escadas e sonho como antes. Então o quê que mudou? Minha saúde e minha energia são as mesmas, então o quê que mudou? Bom, a unica coisa que eu sei que mudou mesmo foi o tal do ego, a gente vai descobrindo que não...