Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de junho, 2020

COVID-19 e instituições de longa permanência para idosos: a tempestade perfeita?

Kenio Costa de Lima, Editor da Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia e professor titular na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil.  Karla Cristina Giacomin, Ponto focal do International Longevity Center, Belo Horizonte, MG, Brasil. A doutora Karla Giacomin é médica geriatra, com larga experiência em saúde da pessoa idosa, consultora da Organização Mundial de Saúde para políticas de saúde e envelhecimento, ponto focal do International Longevity Center – Brasil e membro pesquisador do Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento da Fiocruz Minas. Durante a pandemia da COVID-19, a Dra. Karla coordenou a produção de um e-book “Instituições de Longa Permanência para Idosos e o enfrentamento da pandemia de COVID-19: subsídios para a Comissão de Defesa dos Direitos do Idoso da Câmara Federal”. Este material está servindo de subsídio para gestores públicos e profissionais no cuidado a idosos institucionalizados, em todo o país. Pela sua contribuição nes

Pelo direito de envelhecer: racismo e população negra

Alexandre da Silva é doutor em Saúde Pública e professor da Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ) trabalhando com as temáticas do racismo e envelhecimento. O referido professor é membro do grupo de trabalho Racismo e Saúde e Envelhecimento e Saúde Coletiva da ABRASCO. No editorial “ O envelhecimento na perspectiva do racismo e de outras formas de discriminação: influências dos determinantes institucionais e estruturais para a vida das pessoas idosas ” publicado na Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia (vol. 22, no. 4), autor chama a atenção para as iniquidades raciais presentes na vida das pessoas negras que, muitas vezes, impossibilitam a chegada até os 60 anos de idade, que é um conceito amplamente utilizado para definir uma pessoa como idosa. O texto mostra como injustiças são naturalizadas em nosso país por meio de práticas no campo da política, dos serviços, pelas instituições e, considerando o impacto do racismo, repercutindo na dificuldade da população negra em envelhe

Os impactos da invisibilidade na vida dos idosos LGBTIs

Grace e Frankie ou Robert e Sol? Quem conhece a história de Grace e Frankie, personagens de Jane Fonda e Lily Tomlin na série da Netflix, também conhece o drama de seus respectivos maridos, Robert e Sol, que decidem pedir o divórcio de suas esposas para casar um com o outro. Num exemplo clássico da “vida imitando a arte”, entender o porquê de eles terem demorado tanto tempo para “sair do armário” pode ajudar a compreender a atual geração de idosos LGBT. Assumindo então que Robert e Sol teriam 80 anos hoje, em 1973 eles tinham 34 anos, quando a Associação Americana de Psiquiatria deixou de considerar a homossexualidade como doença. Além disso, aos 40 anos começaram a ouvir sobre a aids e aos 50 anos muitos de seus amigos começaram a morrer por essa doença. Para esses dois, e para muitos de seus contemporâneos LGBT, a invisibilidade foi uma maneira encontrada para fugir da discriminação, e, em alguns casos, para sobreviver. Porém, permanecer invisível na terceira idade pode ter consequên

Contra a ditadura do bem-estar

Resiliência, ‘mindfulness’, ‘wellness’ são palavras às quais estamos cada vez mais expostos nos últimos ano. Vários autores, porém, criticam a culpabilização do indivíduo que não se sente feliz. Resiliência,  mindfulness ,  wellness  e cura são palavras às quais estamos cada vez mais expostos nos últimos anos. Sua presença parece nos dizer que adquirir um bom tônus muscular não basta e que hoje a missão imperiosa é  alcançar um nível aceitável de felicidade . A pergunta óbvia que surge é saber se esse estado de plenitude é mensurável e, em caso afirmativo, para quais fins seriam usados os dados obtidos? Esta é precisamente a preocupação central do ensaio  T he Hapiness Industry   ( A Indústria da Felicidade ). Seu autor, o acadêmico britânico William Davies, revê a história do interesse em medir a intensidade do bem-estar psicofísico a partir do espanto que causou verificar que a ciência comportamental e a neurociência se apresentavam como uma explicação plausível da crise financeira g

Um preconceito sem nome

Se você acha complicado ser negro, mulher ou gay, experimente ser velho(a). A ideia não é fazer um concurso e dar um troféu a quem sofrer mais, mas é preciso coragem e atitude para exibir rugas e demais sinais de uma vida iniciada há mais de seis década. Desrespeito, deboche e impaciência são constantes no cotidiano dos idosos. O mundo, especialmente o virtual, pode ser bem hostil. Quem frequenta as redes sociais sabe da enxurrada de insultos a pessoas de idade que se atrevem a expressar suas opiniões. Há sempre alguém desqualificando-as sob a acusação de senilidade. É comum que ilustres anônimos se sintam autorizados a chamar de senil, esclerosado, caduco pessoas com vasta folha de serviços prestados à sociedade. A experiência e competência, acumuladas ao longo de anos de trabalho e estudo, são depreciadas por quem considera sua juventude o único requisito para chancelar ideias. É impressionante a falta de cerimônia com que muitos mandam se calar pessoas que deveriam ser escutadas. A

Resistiremos. Subindo e descendo as escadarias da vida

A Resistência é o nome do quadro que ilustra esta postagem. Um óleo sobre tela de Milton José Faria Subir e descer as escadarias da vida Por Milton José Faria Estavam em redor de uns e outros ociosos, um homem, trocando ideias. Quando, em passagem,  aparece o Senhor. Então, o Senhor avista, entre os que estavam reunidos, esse homem e virando-se disse a ele: Vem a mim. Esse homem, então, saiu junto dos demais e foi até ao Senhor, que lhe falou: anda comigo  e o homem o seguiu. Foram andando, andando, sem trocar nenhuma palavra. Demorou um pouco, tempo que pareceu longo. Chegaram em frente a uma escadaria e o Senhor, então, apontou ao homem dizendo: Iremos subir, mas, antes, porém, devo dizer que essa escadaria tem oitenta e dois (82) degraus, não os conte. E, ainda, o Senhor disse-lhe: não reclame ao subir, porque já sei dos problemas com o seu corpo físico. Vamos, apenas, galgar os degraus. Iremos ao topo da escadaria, pelo meio dela sem segurar em parte alguma. Vamos, subir. Assim, co

Combater o idadismo é prevenir a violência

Podemos definir idadismo como estereótipos, preconceitos e discriminação em relação aos idosos.  O idadismo se manifesta de formas múltiplas: linguagem depreciativa, infantilização das pessoas mais velhas ou a falta de consideração de suas próprias necessidades e decisões. Comentário do Blog: Hoje a postagem é em dose dupla. A primeira parte é um documento, com tradução livre, da  HelpAge International e o segundo artigo, também com tradução livre, é  da gerontóloga e feminista Anna Freixas Farré. Tenho a certeza de que os artigos interagem entre si e com os leitores e as leitoras de todas as idades que aqui chegarem.. O Idadismo está relacionado a atitudes que em muitas ocasiões de forma inconsciente, utilizamos, porque estão naturalizados baseados em relações de desigualdade e por isso às vezes são difíceis de reconhecer. Por exemplo, é muito comum ouvir falarmos sobre "nossos idosos": é uma expressão que é usado amorosamente e quase sempre, com boas intenções. Mas ... o q

Entrevista com a pesquisadora Adelina Comas-Herrera

“Muchos países no sabían ni cuántas personas tenían en las residencias” La investigadora española Adelina Comas-Herrera, de la London School of Economics, coordina un grupo que ha analizado el impacto de la pandemia en las residencias de ancianos de distintos países. Sus conclusiones son demoledoras. La investigadora española Adelina Comas-Herrera, de la London School of Economics, durante la entrevista A principios de marzo, la investigadora española  Adelina Comas-Herrera empezó a seguir desde Londres las noticias que llegaban desde Italia y España sobre la pandemia de SARS-CoV-2 y a compartir noticias con sus contactos. El gobierno británico estaba entonces asentado en la estrategia, que luego tuvo que rectificar, de esperar al coronavirus cara a cara y generar la inmunidad de grupo. Junto a otros expertos y académicos, esta española nacida en Girona que se fue a trabajar en la  London School of Economics  (LSE) hace ahora 25 años, creó un grupo de trabajo para recopilar datos sobr

A discriminação existente em relação aos idosos deve ser visibilizada

Pilar Rodríguez Rodríguez, presidente daFundação Pilar de Autonomia Pessoal, ex-diretora geral da Imserso e ex-ministra do Bem-Estar Social das Astúrias, explica neste artigo o estigma e a discriminação de nossos idosos. A OMS acaba de alertar para os enormes danos, medo e sofrimento que a Covid-19 está causando às pessoas idosas em todo o mundo, com uma taxa de mortalidade para aqueles com 80 anos e mais de cinco vezes mais do que para o resto da população. Além de lamentar a negligência dos cuidados de saúde nas residências, tanta morte na solidão e tanto luto à distância,  outros efeitos nocivos são enfatizados , como o trauma do estigma e da discriminação. Embora partamos da ignorância global com a qual agimos nessa pandemia na qual não há um roteiro para combatê-la, é hora de aprofundar a reflexão coletiva e  analisar o que falhou em nossos sistemas socio-sanitários em obter resultados tão trágicos como o alto número de mortes em residências (66% de todas as produzidas na Espanha

A Prudência e a Paciência

                             O Equilíbrio. Pintura em óleo sobre tela por Milton José de Faria As agradáveis surpresas que o Blog trás. Apresento-lhes  Milton José de Faria "oitentão" (como ele mesmo diz) autor do artigo de hoje e da obra de arte que emoldura o título. A Prudência e a Paciência de um Instrumento Musical . Por Milton José de Faria Olho dos meus lados e vejo que estou cercado. Tentam cercear à minha vontade de falar (não são os meus) e expressar com tranquilidade sem ver o tipo e a vontade de minhas conversas. Ora, pois, não tenho muito que divergir de pessoas ou semelhante, porquanto, á minha vida clama pela liberdade de conscientização do aprendizado de saber ou não saber. Tudo isso, representa o não sim ou não comentar. Não façamos rodeios por ter que falar, uma única pessoa que é o Pai Celestial, Ele nos ensina como explanar os nossos pensamentos e sentimentos. A escolha é uma transmissão de nosso corpo e mente, que nos ensina a separar o útil e o inútil. O

COVID-19 e idosos: uma visão para a América Latina e Caribe

A visão do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e  as medidas implementadas na região da América Latina e Caribe (ALC) Comentário do Blog: Em postagens nos dias  02 e 15 de maio, Você encontra informações sobre a iniciativa voluntária Frente para Fortalecimento da ILPIs. Ao final desta postagem o link para o Documento do BID, em PDF. Os idosos são um grupo altamente vulnerável ao COVID-19  . Que medidas os países da América Latina e do Caribe estão tomando para cuidar deles? Os países da região fizeram rápido progresso com medidas de distanciamento social em resposta à pandemia, e as respostas estão lentamente começando a ser observadas na área de cuidados de longo prazo. De qualquer forma, as medidas ainda são insuficientes. Garantir o atendimento ao idoso -  Na área de cuidados de longo prazo, os países se concentraram na disseminação de informações, na limitação do acesso de visitantes às residências e no estabelecimento de protocolos para o atendimento de idosos e na prest