No livro, a questão de como se introduzir a arte aos potenciais leitores surge como uma das preocupações primordiais. “Em termos bem simples, estou convencida de que o que leva uma criança a ler, antes de mais nada, é o exemplo. Da mesma forma que ela aprende a escovar os dentes, comer com garfo e faca, vestir-se, calçar sapatos e tantas outras atividades cotidianas", escreve Ana Maria. "Não é natural, é cultural. Entre os povos que comem diretamente com as mãos, não adianta dar garfo e colher aos meninos, se eles nunca viram ninguém utilizá-los. Isso é tão evidente que nem é o caso de insistir. Se nenhum adulto em volta da criança costuma ler, dificilmente vai se formar um leitor”, registra ela no texto “Entre Vacas e Gansos: Escola, Leitura e Literatura”.
Já em “Muito Prazer: Notas Para uma Erótica da Narrativa”, a autora constata: “Se é verdade que tenho encontrado muitos adolescentes e adultos que não têm vocação leitora, nunca se aproximaram de livros ou até alguns que deles se afastaram em certa idade, também é verdade que nunca encontrei uma criança alfabetizada, com pleno acesso a livros e num ambiente leitor sem cobranças, que não gostasse de ler. Pode rejeitar um certo tipo de livro, ou desenvolver preferências que não são as que o adulto escolheria para ela, mas isso não significa que não goste de ler”.
Estou convencida de que o que leva uma criança a ler, antes de mais nada, é o exemplo. Se nenhum adulto em volta da criança costuma ler, dificilmente vai se formar um leitor.Ana Maria Machado, no ensaio "Entre Vacas e Gansos: Escola, Leitura e Literatura", que integra o livro "Ponto de Fuga"
Em 23/02/2016 Fonte:https://entretenimento.uol.com.br/ Por Rodrigo Casarin Colaboração para o UOL, em São Paulo
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