Imagem Pinterest: Simone de Beauvoir, Jean-Paul Sartre, Zélia Gattai e Jorge Amado com Mãe Menininha, em Salvador, Bahia. Foto: Fundação Casa de Jorge Amado (1960).
Hoje, 09 de janeiro, comemora-se o 111º aniversário de Simone de Beauvoir, falecida em 14 de abril de 1986.
Mais de um século após seu nascimento, a filósofa e feminista, que é considerada mãe do feminismo, permanece extremamente atual. Simone escreve em seu livro O Segundo Sexo: "Não acredito que existam qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos: seria admitir a existência de uma natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas. Não se trata para a mulher de se afirmar como mulher, mas de tornarem-se seres humanos na sua integridade". A busca da mulher pela sua dignidade reconhecida continua, motivo este para suas pautas serem ainda mais pertinentes hoje.
Busca pela igualdade - Uma das principais teses de Simone era a de que o trabalho diminuiria a distância entre o homem e a mulher. Hoje, apesar dos avanços, essa desigualdade de gênero permanece. Isso porque, mesmo sendo maioria com diploma de ensino superior no mercado de trabalho, as mulheres ainda recebem menos que os homens, cumprindo a mesma função. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE, mesmo trabalhando mais horas, as mulheres recebem cerca de 24% menos que o salário dos trabalhadores do sexo masculino.
“O homem é definido como ser humano e a mulher é definida como fêmea. Quando ela comporta-se como um ser humano ela é acusada de imitar o macho.” — Simone de Beauvoir
O Exame Nacional do Ensino Médio de 2015, ano que teve como tema da redação a alta taxa de feminicídios e a violência contra a mulher no Brasil, trouxe uma questão de Ciências Humanas com a frase “Não se nasce mulher: torna-se”. O tópico abriu um debate intenso que expôs o quanto o conservadorismo e o combate aos ideais do movimento feminista ainda são fortes. A página da escritora no Wikipédia chegou a ser modificada, acusando Simone de pedofilia e nazismo, na tentativa de desmerecer seu legado. Judith Butler, também filósofa e seguidora dos ideais de Simone na luta contra a desigualdade de gênero, também sofreu com os ataques. Em visita ao Brasil para uma palestra, Judith foi hostilizada. Um abaixo-assinado pedindo o cancelamento do evento chegou a circular.“Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância.” — Simone de Beauvoir
Principais obras: A Convidada (1943); O Sangue dos Outros (1945); O Segundo Sexo (1949); Os Mandarins (1954); Memórias de uma moça bem-comportada (1958); A Mulher Desiludida (1967)
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