Ao falar e refletir sobre a importância do preparo para encarar os novos desafios provenientes do aumento da longevidade da população brasileira, é necessário esclarecer que o tema não se limita, de forma exclusiva, as questões relativas à aposentadoria.
De maneira geral o que normalmente encontramos como uma conduta preventiva, bastante comum entre as pessoas que se preocupam com o seu preparo para a aposentadoria, tem se restringido a um planejamento das questões financeiras e, adicionalmente, com os cuidados relativos à saúde física no futuro.
Mas, de forma cada vez mais evidente, estas duas prioridades – muito úteis e necessárias – não tem se mostrado suficientes para assegurar um prolongamento da existência com uma correspondente satisfação e qualidade para continuar vivendo. Especialmente se imaginamos uma vida que assegure algum sentido, preserve a auto-estima, os valores essenciais e permita manter o devido reconhecimento.
As pesquisas mais recentes têm demonstrado que a crise de perda da identidade, necessidade da busca de um sentido para continuar vivendo e a própria capacidade de se reinventar, tem encontrado a população masculina menos preparada.
Especialmente porque constroem toda a sua vida muito centrada na carreira profissional. Inclusive com uma valorização excessiva da sua “identidade corporativa” em detrimento dos seus demais papéis ou responsabilidades.
Ao perderem este “sobrenome”, que lhes transmitiu e criou uma aparente valorização social, se confrontam com o despreparo para o ostracismo. E costumam apresentar uma acentuada incapacidade para criar novas formas de reconhecimento social. O que resulta, muitas vezes, em depressão, separações conjugais ou até suicídios.
Além de serem cobradas pelo desempenho na sua atuação profissional, as mulheres continuam também respondendo pelas responsabilidades de cônjuge, mãe, educadora e administradora de todo um complexo sistema familiar e da estrutura doméstica.
Esta multiplicidade de papéis e responsabilidades torna a mulher menos dependente do mero sucesso no mundo corporativo.
E, por esta mesma razão, a habilidade de ser multifuncional termina representando um conjunto de efeitos positivos sobre a maneira como a mulher encara e administra a longevidade, além do seu processo de aposentadoria.
Vale registrar que estas conclusões não são novas. Elas já se tornavam evidentes quando iniciamos, na década de 80, os primeiros programas de preparação de profissionais para o seu respectivo “pós-carreira”. E isto numa fase em que ainda não se registravam os atuais índices de envelhecimento da população brasileira.
Destes, apenas 20% se declarou em condições para encarar esta fase de vida após os 60 anos.
Segundo as mesmas conclusões do trabalho, que estava mais focado na questão do preparo financeiro, “as mulheres estão mais alertas quanto ao tema: mais de 50% delas pensam em como vão enfrentar questões de ordem financeira na aposentadoria. Contra 46% dos homens.”
Entre as razões expressadas pelas mulheres aparecem: crise financeira global (24%); déficit da previdência social no país (41%) e poupança insuficiente (31%).
Grande parte coloca como indispensável seguir tendo um emprego para manter sua renda e padrão de vida.
Vale sempre lembrar que manter uma renda compatível com o padrão de vida que se deseja manter no futuro é importante. Da mesma forma que possuir estruturas que assegurem atendimento no plano da saúde.
Não deixe de elaborar, previamente, um amplo projeto de vida para esta nova etapa. Mas que continue dando sentido à sua existência.
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