Projeto de escola de São José dos Campos (SP) foi finalista do Desafio Criativos das Escolas 2017
A partir de um trabalho escolar sobre memórias, alunos do 7º ano do Ensino Fundamental do Colégio ECCOS, em São José dos Campos (SP) resolveram colher histórias de moradores da cidade. Em visitas mensais ao Asilo Santo Antônio, a experiência de escuta e a conexão com o outro geraram, mais do que palavras, uma nova visão sobre essa fase da vida, além do protagonismo na solução de problemas e muito, muito, afeto. O projeto, inscrito no Desafio Criativos das Escolas 2017, foi um dos finalistas da edição.
Comentário do Blog: Há dois momentos surpreendentes nesta postagem. Primeiro, encontrar na instituição Porvir um ambiente educacional que ensina para a Vida. Segundo, a iniciativa confirma minha visão de que aprender a envelhecer é preciso. Os alunos ficaram surpresos com o que viram e o que imaginavam ou levavam consigo como carga cultural.É fundamental que o aprender a envelhecer comece em casa, nas escolas e nas Universidades formadora de educadores. Foram felizes em trabalhar com uma instituição gerida com o viés humano. Com a continuidade do trabalho, dentro em breve atualizarão a terminologia utilizada para esse ambiente de acolhimento de idosos.
“A percepção sobre as pessoas idosas que nossos alunos tinham antes do projeto eram fruto da convivência com parentes ou, então, os estereótipos veiculados pela mídia. Ter um contato direto no asilo Santo Antônio quebrou algumas ideias preconcebidas ou, no mínimo, ampliou muito a percepção dos diferentes aspectos da velhice”, ressalta Eder Ferreira Duarte, coordenador de Educação Para a Cidadania Global no Colégio ECCOS.
“Alguns de nós achavam que o asilo seria um lugar monótono, entediante, velho, pequeno, com apenas um quintal no fundo e que os idosos não iriam conversar com a gente, mas que ficariam em sofás, assistindo à televisão. Pelo que vemos na mídia ou pelas histórias tristes que escutamos, tínhamos uma expectativa negativa sobre como seria o dia a dia num asilo”, escreveram no trabalho final “Encontro com as Memórias, Sentidos e Sensações” os alunos Eduarda Siqueira, Heitor Peloia, Guilherme Keiji e Isabela Possobom, responsáveis pelo relato da experiência.
Protagonismo social - Segundo Eder, os estudantes escolheram o asilo por considerarem seus moradores grandes portadores de memórias, “eles seriam, por assim dizer, a matéria-prima para um trabalho de escrita. Mas, no decorrer das visitas, os alunos identificaram alguns problemas, como a falta de produtos para limpeza e higiene pessoal, até material para jogos, passatempos e leitura”.
Os alunos levaram essa questão para a sala de aula, o que deu origem a um mutirão de arrecadação de livros, revistas, jogos e bens junto à comunidade. Um publicitário foi convidado pelos alunos para ajudar a ampliar a campanha para diferentes públicos, cartazes foram espalhados pela escola e no bairro, criaram posts no Facebook e grupos de WhatsApp.
“Para que a percepção das necessidades dos idosos tivesse um aprofundamento e fosse objeto de uma abordagem mais qualificada, tivemos a presença de uma Terapeuta Ocupacional especialista em terceira idade, que compartilhou sua experiência profissional, respondeu dúvidas e discutiu formas concretas de ação. E no final, tudo que angariamos foi doado ao Asilo”, explica o professor Eder.
Os alunos perceberam também que uma das senhoras só se comunicava por libras, e não conseguia participar das conversas nas visitas ou no dia a dia entre os demais idosos da casa. Os jovens buscaram, então, um professor de libras para ministrar aulas e viabilizar sua interação.
Emoção sem idade - As histórias ouvidas foram transformadoras. “Um idoso nos contou que não foi à escola porque começou a trabalhar desde muito cedo. Então, desde aquele dia, o que ele disse não sai da nossa cabeça. Tudo o que temos, ele não teve, aquilo que nós, estudantes, reclamamos pode ser o que ele mais queria”, relataram os alunos.
Para Eder, “esse exercício relacional só foi possível pela saída da sala de aula em busca de uma vivência que fosse significativa, não só para a ampliação dos seus conhecimentos e seu universo emocional, mas também significativa para os moradores do asilo, que agora os recebem prazerosamente e compartilham com os estudantes suas mais memórias”.
O “Projeto Jovem Escritor”, que prevê continuidade, deixou um gostinho de quero mais. “Após várias visitas ao asilo, ficamos com vontade de voltar todo dia, também aprendemos. Ouvimos muitas histórias diferentes, cada uma teve um impacto diferente. As situações tristes fizeram-nos pensar nas nossas próprias vidas e valorizar o que temos”, finalizam os alunos, na publicação que pode ser lida na íntegra no link.
Redação: Mariana Della Barba /Edição: Laura Leal Imgem: Pinterest
Fonte: http://porvir.org/alunos-desenvolvem-escrita-ao-registrar-memoria-de-idosos/
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