Pular para o conteúdo principal

Envelhecimento ativo X desemprego

Desempregado procura trabalho exibindo cartaz no meio da avenida Agamenon Magalhães em Recife. Josimar, sem emprego há dois anos, foi à rua inspirado na história de Gustavo, que continua sem emprego há um ano e quatro meses

Comentário do Blog: Este tema já foi tratado, aqui no Viva a Velhice sob o título "A busca por oportunidade de trabalho" postado entre os dias 21 e 24 de outubro de 2016. É necessário e urgente que ocorram mudanças de valores individuais para a formação de um ambiente comprometido com as pessoas., isto é, que seja desencadeado um processo para a aprendizagem do envelhecer. Os dois casos, aqui mostrados, tem mais do que "a crise do país", tem uma realidade a que nos recusamos a acreditar: todos envelheceremos a menos que morra antes. Realidade, esta,  preconceituosa, excludente e má. Os senhores nesta história estão com apenas 54 e 43 anos respectivamente. Como estão sendo pensadas as políticas públicas para essa mudança de cenário demográfico. Ou ... não está em pauta essa realidade? Qual a nossa contribuição para  a existência dessa pauta ...

Desempregado pede trabalho com cartaz no meio da Agamenon Magalhães. Foto: Reprodução/ Facebook

E a cena se repete. A Avenida Agamenon Magalhães, uma das principais e mais movimentadas vias do Recife, serve de cenário para estampar o drama vivido por cerca de 24,3 milhões de brasileiros, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na manhã desta quinta-feira, Josimar Rocha da Silva, de 54 anos, escreveu um cartaz em um papelão e foi para o meio da rua, procurar emprego. Cansado de espalhar currículo, resolveu divulgar sozinho sua busca por uma vaga de motorista, função que desempenha há mais de 13 anos. Desempregado há dois anos, Josimar conta que trabalhou pela última vez na empresa de ônibus Metropolita, onde atuou por três anos. Antes disso, diz que foi motorista de ônibus da Borborema por oito meses, dirigiu um caminhão do Armazém Coral por dois anos e foi motorista particular durante quatro anos para uma pessoa em Boa Viagem e antes, para outro patrão no bairro da Boa Vista. No tempo em que esteve parado, aproveitou para se reciclar e, no mês passado, concluiu um curso de condutor de emergência.

"Nunca demorei tanto tempo desempregado. A situação não está muito boa, não. Tá  mais difícil que em outras épocas. Es estava gastando muito dinheiro entregando currículo em todo canto e, às vezes, na portaria mesmo eles jogam no lixo. Tinha visto na televisão uma reportagem sobre um homem que fez isso e disse: vou arriscar", explica Josimar, confiante.

Divorciado há mais de 20 anos e com os filhos de maioridade e vivendo com a mãe, ele enfatiza: "Tenho disponibilidade de horário e de lugar. Moro em casa alugada e me mudo para qualquer lugar", mostrando a vontade de mudar de vida, diante de uma nova possibilidade de trabalho. Quem souber de alguma oportunidade, deve entrar em contato pelo telefone 98599-6240.

Outro caso - O exemplo no qual Josimar se inspirou foi o de Gustavo José da Silva. Em agosto do ano passado, ele virou notícia ao estender uma faixa na Avenida Agamenon Magalhães, com o mesmo propósito: encontrar um possível empregador.

Diariamente, Gustavo saía de bicicleta da casa, no Coque, para pedir emprego na Agamenon Magalhães. Foto: Peu Ricardo/ Esp. DP

Aos 43 anos,  ele saía todos os dias às 5h do bairro do Coque, de bicicleta, para abrir a faixa durante o tempo do sinal fechado, em busca de uma vaga de motorista, ferreiro ou armador, com experiência e referências garantidas. Pai de um adolescente e duas crianças que viviam com a ex-mulher, ele se viu desempregado depois da experiência fracassada de abrir um mercadinho.

Procurado novamente pelo Diário, Gustavo não revela um final feliz: permanece desempregado há um ano e quatro meses. "Na época, fui contactado por uma empresa, que me deu farda, fiz exame admissional e tudo. Depois, disseram para eu ir pra casa e, em 15 dias, me chamariam. Até hoje não chamaram. Fiquei acanhado de voltar para a avenida e acharem que eu estava enganando as pessoas", revela Gustavo, que desde então sobrevive de "bicos", sem carteira assinada. A vontade e a necessidade de trabalhar formalmente continuam e quem souber de uma vaga deve telefonar para o 9848-1191.

Por: Patrícia Fonseca - Diário de Pernambuco   Publicado em: 01/06/2017 13:22

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Dente-de-Leão e o Viva a Velhice

  A belíssima lenda do  dente-de leão e seus significados Segundo uma lenda irlandesa, o dente-de-leão é a morada das fadas, uma vez que elas eram livres para se movimentarem nos prados. Quando a Terra era habitada por gnomos, elfos e fadas, essas criaturas viviam livremente na natureza. A chegada do homem os forçou a se refugiar na floresta. Mas   as fadas   tinham roupas muito chamativas para conseguirem se camuflar em seus arredores. Por esta razão, elas foram forçadas a se tornarem dentes-de-leão. Comentário do Blog: A beleza  do dente-de-leão está na sua simplicidade. No convívio perene com a natureza, no quase mistério sutil e mágico da sua multiplicação. Por isso e por muito mais  é que elegi o dente-de-leão  como símbolo ou marca do Viva a Velhice. Imagem  Ervanária Palmeira   O dente-de-leão é uma planta perene, típica dos climas temperados, que espontaneamente cresce praticamente em todo o lugar: na beira de estrada, à bei...

Os dentes e o contato social

Antônio Salazar Fonseca é membro da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética Crédito: Juliana Causin/CBN. sábado, 19/09/2015, 09:30  'Ausência dos dentes leva à ruptura do contato social', afirma dentista. Antônio Salazar Fonseca explica que a prevenção é fundamental para manter a saúde da boca. Segundo ele, as próteses têm tempo de vida útil, portanto os usuários devem renová-las. http://cbn.globoradio.globo.com/programas/50-mais-cbn/2015/09/19/AUSENCIA-DOS-DENTES-LEVA-A-RUPTURA-DO-CONTATO-SOCIAL-AFIRMA-DENTISTA.htm "É importante que qualquer pessoa visite o dentista de seis em seis meses. Em caso de próteses, elas devem ser reavaliadas a cada dois anos, o que, geralmente, não acontece. Maioria da população não tem dentes naturais Com as próteses, o problema cresce ainda mais. A maioria das pessoas não tem o hábito de fazer a manutenção constante regularmente e, com o passar dos anos, elas vão ficando desadaptadas. "Muitos deixam até de usá-las e acabam ingerindo...

‘Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras’ – Manoel de Barros

  Dirigido pelo cineasta vencedor do Oscar, Laurent Witz, ‘Cogs’ conta a história de um mundo construído em um sistema mecanizado que favorece apenas alguns. Segue dois personagens cujas vidas parecem predeterminadas por este sistema e as circunstâncias em que nasceram. O filme foi feito para o lançamento internacional da AIME, uma organização de caridade em missão para criar um mundo mais justo, criando igualdade no sistema educacional. O curta-animação ‘Cogs’ conta a história de dois meninos que se encontram, literalmente, em faixas separadas e pré-determinadas em suas vidas, e o drama depende do esforço para libertar-se dessas limitações impostas. “Andar sobre trilhos pode ser bom ou mau. Quando uma economia anda sobre trilhos parece que é bom. Quando os seres humanos andam sobre trilhos é mau sinal, é sinal de desumanização, de que a decisão transitou do homem para a engrenagem que construiu. Este cenário distópico assombra a literatura e o cinema ocidentais. Que fazer...

Chapéu Violeta - Mário Quintana

Aos 3 anos: Ela olha pra si mesma e vê uma rainha. Aos 8 anos: Ela olha para si e vê Cinderela. Aos 15 anos: Ela olha e vê uma freira horrorosa. Aos 20 anos: Ela olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, decide sair mas, vai sofrendo. Aos 30 anos: Ela olha pra si mesma e vê muito gorda, muito magra, muito alta, muitobaixa, muito liso muito encaracolado, mas decide que agora não tem tempo pra consertar então vai sair assim mesmo. Aos 40 anos: Ela se olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, mas diz: pelo menos eu sou uma boa pessoa e sai mesmo assim. Aos 50 anos: Ela olha pra si mesma e se vê como é. Sai e vai pra onde ela bem entender. Aos 60 anos: Ela se olha e lembra de todas as pessoas que não podem mais se olhar no espelho. Sai de casa e conquista o mundo. Aos 70 anos: Ela olha para si e vê sabedoria, risos, habilidades, sai para o mundo e aproveita a vida. Aos 80 an...

Se puder envelheça

Os poetas tem o dom de saber colocar em palavras coisas que sentimos e não sabemos explicar, quando se trata de velhice as opiniões divergem muito, e como poeta, talvez Oswaldo Montenegro te convença a olhar para o envelhecimento com outro olhar, mais gentil com sua história, mais feliz com seu presente. Leia: “A pergunta é, que dia a gente fica velho? Não vem dizer que ‘aos poucos’, colega, faz 5 minutos que eu tinha 17 anos e fui-me embora de Brasília, pra mim meu primeiro show foi ontem, e hoje eu tô na fila preferencial pra embarcar no avião. Tem um garoto dentro de mim que não foi avisado de que o tempo passou e tá louco pra ter um filho, e eu já tenho netos. Aconteceu de repente, o personagem do Kafka acordou incerto, eu acordei idoso, e olha que eu ando, corro, subo escadas e sonho como antes. Então o quê que mudou? Minha saúde e minha energia são as mesmas, então o quê que mudou? Bom, a unica coisa que eu sei que mudou mesmo foi o tal do ego, a gente vai descobrindo que não...