"Estou pronto para morrer. Espero que não seja muito desconfortável", disse Cohen em entrevista à New Yorker, no mês passado. Imagem AFP
Leonard Cohen (1934 - 2016), dedicou-se por mais de 50 anos às palavras e à música. Cantor, compositor, poeta e romancista, ele deixou uma obra altamente influente e repleta de sucessos internacionais.
Em canções gravadas por inúmeros artistas, Cohen explorou temas como amor, sexo e religião; ele era obcecado pela espiritualidade e pela morte.
O canadense saiu da cena artística nos anos 1990. Chegou a ficar recluso em um monastério budista, em 1996. Voltou à música por precisar de dinheiro, depois de descobrir que seu agente, Kelley Lynch, havia ficado com parte de sua poupança.
Neste ano, logo após de completar 82 anos, lançou o álbum You Want it Darker, no qual fez reflexões sobre a morte com arranjos minimalistas, uma de suas principais marcas musicais - além, claro, de sua inconfundível voz grave.
Em entrevista à revista norte-americana New Yorker, há um mês, declarou estar pronto para morrer. "Espero que [morrer] não seja muito desconfortável", disse.
Cohen se foi, mas deixou a poesia de seus poemas e canções. A BBC lembra 10 músicas inesquecíveis do canadense, ciente de que a lista poderia ser muito maior.
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- Hallelujah (1984) - Leonard Cohen contou que a primeira reação do presidente da gravadora CBS, Walter Yetnikoff, ao ouvir pela primeira vez esta canção foi considerá-la uma abominação: "O que é isso? Isso não é música pop, não vamos lançar. É um desastre ..."
Para Cohen, no entanto, Hallelujah tinha algo muito especial e lhe consumiu muito tempo. Obcecado com cada palavra, descartou mais de 80 rascunhos antes de terminá-la. O "desastre" previsto pelo presidente da gravadora se tornou um dos maiores sucessos de Cohen, gravada por inúmeros artistas dos mais variados gêneros, de Jeff Buckley e Nick Cave a Bon Jovi e Sandy (com o irmão Junior e o marido, Lucas Lima).
- Suzanne (1967) - "Para você que tocou o corpo perfeito dela com sua mente", diz uma das canções mais marcantes da primeira fase da carreira de Cohen, que começou escrevendo poesias nos anos 1960 e migrou para a música depois de visitar Nova York, onde conheceu a cantora folk Judy Collins. Suzanne Verdal, a musa que dá nome a música, é uma mulher que conheceu em um café em Montreal - e que estava com o namorado. A música está no álbum de estréia de Cohen.
- Bird on a Wire (1969) - No final dos anos 1960, Cohen estava deprimido, "dando um tempo" na ilha grega de Hydra. Havia se mudado para lá depois de se formar na Universidade McGill e de comprar uma casa na ilha, por US$ 1.500, dinheiro herdado do pai. Um dia, observou um pássaro que passava o tempo sobre um fio. Esta imagem foi suficiente para ele compor uma de suas mais belas canções.
- I'm Your Man (1988) - "Se quer um amante, farei qualquer coisa que você quiser. E se você quiser outro tipo de amor, usarei uma máscara para você" Esta canção de amor - explícita - veio num momento em que carreira de Cohen estava com a popularidade em baixa e tornou-se um grande sucesso.
- First We Take Manhattan (1988) - Foi originalmente gravada por Jennifer Warnes em 1987 para o álbum Famous Blue Raincoat, um tributo a Cohen, que gravaria a música no álbum I'm Your Man, lançado no ano seguinte. "Primeiro a gente assume Manhattan; em seguida, a gente assume Berlim", diz o refrão da música.
- Everybody Knows (1988) - Os críticos consideram essa uma das canções mais pessimistas de Cohen. Diz que os pobres continuam pobres enquanto os ricos ficam cada vez mais ricos, e que "todo mundo sabe que a praga está chegando/ todo mundo sabe que está se movendo rápido".
- So Long, Marianne (1967) - Marianne Jensen foi a musa dessa música. Eles se conheceram na Grécia, em Hydra, e mantiveram uma relação de 7 anos. Cohen mais de uma vez contou que Marianne foi a mulher mais bonita que conheceu. Ela morreu em julho passado. Ao saber que estava doente, Cohen mandou-lhe uma carta para que pudesse lê-la antes de sua morte.
- Ain't no Cure for Love (1988) - Também parte do disco de Jennifer Warnes, de 1987, ainda que as versões cantadas por ela e por Cohen sejam ligeiramente diferentes. "Médicos trabalhando dia e noite. Mas nunca encontrarão a cura; a cura para o amor", diz a letra.
- Sisters of Mercy (1967) - Esta música também é do álbum de estréia de Cohen, no qual também aparecem os sucessos "Suzanne" e "So long, Marianne". Foi composta na cidade canadense de Edmonton, durante um nevasca. "Havia duas jovens viajantes, Barbara e Lorraine, que não tinham para onde ir. Lhes dei refúgio no meu quarto de hotel, onde imediatamente adormeceram e as observei de uma cadeira", contou Cohen sobre como compôs a canção. "Quando acordaram, tinha terminado a canção e a toquei para elas".
- Dance Me to the End of Love (1984) - Embora tenha a estrutura de uma música de amor, essa canção foi inspirada no Holocausto. Cohen disse certa vez que "é curioso como surgem as canções, porque a origem de cada uma tem um grão ou uma semente que alguém lhe entrega...O processo de escrever uma canção é misterioso" Fonte: BBC
Bela e justa homenagem do vivaavelhice a Leonard Cohen!!! Adorei!
ResponderExcluirTenho um lp "Poets in New York" em que vários artistas cantam Federico Garcia Lorca, entre eles Leonard Cohen, Raimundo Fagner e Chico Buarque...
Maravilha Virgínia!
ResponderExcluirFaz pouco tempo que descobri Leonard Cohen e fiquei encantada!
Muito bom te ver por aqui. Abraço.