Pular para o conteúdo principal

O Rádio entra na conversa


Com o  50 Mais CBN  o  Rádio entra na conversa do tema envelhecimento


Em março de 2015 a Rádio CBN faz o primeiro programa dedicado ao tema.



Comentário do Blog: Um trio comanda as conversas com os entrevistados,  o Trio é formado por: Mariza Tavares, Mara Luquet e Alexandre Kalache.

Antes de mostrar o primeiro Programa da CBN apresento-lhes Alexandre Kalache em uma entrevista para a revista Exame.


Presidente do Centro Internacional de Longevidade no Brasil, o médico Alexandre Kalache é considerado o mais importante especialista em envelhecimento no país e um dos principais no mundo.Na década de 1990, presidiu o Programa Global para o Envelhecimento da Organização Mundial da Saúde, em Geneva.



Alexandre Kalache falou a EXAME.com sobre o consumo na terceira idade e os desafios de envelhecer no Brasil.

De que modo a atual geração de consumidores com mais de 50 anos é diferente da anterior, em termos de comportamento?

Alexandre Kalache — É fundamental entender a importância dos baby boomers — a geração nascida no pós-guerra.

É uma geração que viveu os anos 1960 e 1970, que está acostumada a reivindicar e ser ouvida. Esse comportamento exigente não será extinto porque essas pessoas estão envelhecendo.

O próprio conceito de velhice está mudando. Tenho uma palavra para definir isso: daqui a 20 anos, vamos ouvir falar em “gerontolescência”, que será essa fase entre o fim da meia idade e a velhice. Esse conceito está sendo definido agora, do mesmo modo como houve um momento histórico em que a adolescência foi definida como a transição entre a infância e a vida adulta.

E o que caracteriza um gerontolescente?

Alexandre Kalache — São as pessoas mais velhas que não estão mais dispostas a aceitar o estereótipo do vovô velhinho. É uma população que vive mais e melhor, com orgulho da idade e que quer ser produtiva. E isso vai reverberar no consumo.

Qual será o impacto no mercado de consumo?

Alexandre Kalache — Os baby boomers têm um enorme patrimônio acumulado, o que criou uma série de produtos só para eles.

Nos Estados Unidos e na Europa, o mercado de carros de luxo é dominado pelos consumidores com mais de 50 anos. E eles podem gastar em itens considerados supérfluos pelas outras gerações. Esses consumidores também movimentam a indústria do turismo, porque têm dinheiro e tempo livre.

Como o Brasil se compara aos países ricos?

Alexandre Kalache — O Brasil é um caso muito relevante, porque tivemos um envelhecimento da população dos mais rápidos na história mundial.

Hoje, a proporção de idosos não é tão grande — são 24 milhões de pessoas com mais de 60 anos, 12% da população. Em 2030, serão 30%.

Será então a mesma proporção que o Canadá terá. Hoje, só o Japão tem 30% da população nessa faixa etária. A diferença é que o Canadá não precisa mais se preocupar em construir estradas, garantir o ensino universal ou o acesso à saúde. Nós teremos de nos preocupar com isso tudo, ao mesmo tempo que pensamos em como cuidar dos nossos velhos. O Brasil envelheceu antes de enriquecer.

Por que o envelhecimento da população no Brasil foi tão atípico?

Alexandre Kalache — Há duas razões: o aumento na expectativa de vida e a queda da taxa de fecundidade — ou seja, o número de filhos por mulher.

No início do século 20, a expectativa de vida era de 43 anos. Hoje, é de 76. Enquanto isso, as mulheres decidiram ter menos filhos. Em 1975, a taxa de fecundidade era de 5,8. Hoje é de 1,7 — abaixo da taxa de reposição.

Ou seja, o número de jovens está diminuindo em relação à proporção de idosos. O caso do Brasil é único porque, enquanto na China a queda da natalidade foi uma política de Estado, aqui foram as mulheres brasileiras que decidiram ter menos filhos.

Qual o padrão de consumo do idoso no Brasil?

Alexandre Kalache — Com as nossas desigualdades, temos os dois extremos: como nos Estados Unidos e na Europa, também temos o consumidor mais velho que acumulou patrimônio, que quer gastar em marcas de luxo e viagens internacionais.

Você vai ao teatro e verá que a plateia está repleta de cabeças grisalhas. Mas é um mercado incipiente porque é uma fatia pequena. A maioria vive com a aposentadoria do INSS — 10 milhões de pessoas com mais de 60 anos vivem com 850 reais por mês, em média.

Para eles, o consumo é basicamente a comida para a família, o remédio para o filho, a máquina de costura para a filha, a educação do neto. Mas, apesar de o valor ser pequeno, o papel econômico desse dinheiro é enorme. Cerca de 2 000 municípios no Brasil vivem dessa renda — o único valor garantido todo mês, porque a economia local é constituída basicamente de bicos.

Isso pode fazer com que o idoso seja explorado pelo resto da família?

Alexandre Kalache — Sem dúvida. No Brasil, estamos vendo o surgimento da “geração nem-nem”, que é constituída por jovens que nem trabalham nem estudam.

É o avô ou a avó quem paga a balada, o cigarro e a bebida. Estamos vendo casos de financeiras que telefonam para idosos oferecendo crédito. Isso é uma forma de exploração de pessoas muito pobres, porque o banco sabe quanto o aposentado recebe e oferece um crédito que consome toda a renda do idoso.

Fonte: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/o-brasil-envelheceu-antes-de-enriquecer-diz-especialista










Este é o primeiro programa da série 50+CBN


Como chegar (e passar) dos 50 anos em cinco lições.


Mariza Tavares e Mara Luquet conversam sobre envelhecimento com o médico e pesquisador em saúde pública Alexandre Kalache. 


[youtube]https://youtu.be/tAJGKmUbZjw[/youtube]

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Dente-de-Leão e o Viva a Velhice

  A belíssima lenda do  dente-de leão e seus significados Segundo uma lenda irlandesa, o dente-de-leão é a morada das fadas, uma vez que elas eram livres para se movimentarem nos prados. Quando a Terra era habitada por gnomos, elfos e fadas, essas criaturas viviam livremente na natureza. A chegada do homem os forçou a se refugiar na floresta. Mas   as fadas   tinham roupas muito chamativas para conseguirem se camuflar em seus arredores. Por esta razão, elas foram forçadas a se tornarem dentes-de-leão. Comentário do Blog: A beleza  do dente-de-leão está na sua simplicidade. No convívio perene com a natureza, no quase mistério sutil e mágico da sua multiplicação. Por isso e por muito mais  é que elegi o dente-de-leão  como símbolo ou marca do Viva a Velhice. Imagem  Ervanária Palmeira   O dente-de-leão é uma planta perene, típica dos climas temperados, que espontaneamente cresce praticamente em todo o lugar: na beira de estrada, à beira de campos de cultivo, prados, planícies, colinas e

‘Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras’ – Manoel de Barros

  Dirigido pelo cineasta vencedor do Oscar, Laurent Witz, ‘Cogs’ conta a história de um mundo construído em um sistema mecanizado que favorece apenas alguns. Segue dois personagens cujas vidas parecem predeterminadas por este sistema e as circunstâncias em que nasceram. O filme foi feito para o lançamento internacional da AIME, uma organização de caridade em missão para criar um mundo mais justo, criando igualdade no sistema educacional. O curta-animação ‘Cogs’ conta a história de dois meninos que se encontram, literalmente, em faixas separadas e pré-determinadas em suas vidas, e o drama depende do esforço para libertar-se dessas limitações impostas. “Andar sobre trilhos pode ser bom ou mau. Quando uma economia anda sobre trilhos parece que é bom. Quando os seres humanos andam sobre trilhos é mau sinal, é sinal de desumanização, de que a decisão transitou do homem para a engrenagem que construiu. Este cenário distópico assombra a literatura e o cinema ocidentais. Que fazer?  A resp

Poesia

De Mario Quintana.... mulheres. Aos 3 anos: Ela olha pra si mesma e vê uma rainha. Aos 8 anos: Ela olha para si e vê Cinderela.   Aos 15 anos: Ela olha e vê uma freira horrorosa.   Aos 20 anos: Ela olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, decide sair mas, vai sofrendo.   Aos 30 anos: Ela olha pra si mesma e vê muito gorda, muito magra, muito alta, muitobaixa, muito liso muito encaracolado, mas decide que agora não tem tempo pra consertar então vai sair assim mesmo.   Aos 40 anos: Ela se olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, mas diz: pelo menos eu sou uma boa pessoa e sai mesmo assim.   Aos 50 anos: Ela olha pra si mesma e se vê como é. Sai e vai pra onde ela bem entender.   Aos 60 anos: Ela se olha e lembra de todas as pessoas que não podem mais se olhar no espelho. Sai de casa e conquista o mundo.   Aos 70 anos: Ela olha para si e vê sabedoria, ri

Não se lamente por envelhecer

  Não se lamente por envelhecer: é um privilégio negado a muitos Por  Revista Pazes  - janeiro 11, 2016 Envelhecer  é um privilégio, uma arte, um presente. Somar cabelos brancos, arrancar folhas no calendário e fazer aniversário deveria ser sempre um motivo de alegria. De alegria pela vida e pelo o que estar aqui representa. Todas as nossas mudanças físicas são reflexo da vida, algo do que nos podemos sentir muito orgulhosos. Temos que agradecer pela oportunidade de fazer aniversário, pois graças a ele, cada dia podemos compartilhar momentos com aquelas pessoas que mais gostamos, podemos desfrutar dos prazeres da vida, desenhar sorrisos e construir com nossa presença um mundo melhor… As rugas nos fazem lembrar onde estiveram os sorrisos As rugas são um sincero e bonito reflexo da idade, contada com os sorrisos dos nossos rostos. Mas quando começam a aparecer, nos fazem perceber quão efêmera e fugaz é a vida. Como consequência, frequentemente isso nos faz sentir desajustados e incômodos

A velhice em poesia

Duas formas de ver a velhice. Você está convidado a "poetizar" por aqui . Sobre o tema que lhe agradar. Construiremos a várias mãos "o domingo com poesia". A Velhice Pede Desculpas - Cecília Meireles, in Poemas 1958   Tão velho estou como árvore no inverno, vulcão sufocado, pássaro sonolento. Tão velho estou, de pálpebras baixas, acostumado apenas ao som das músicas, à forma das letras. Fere-me a luz das lâmpadas, o grito frenético dos provisórios dias do mundo: Mas há um sol eterno, eterno e brando e uma voz que não me canso, muito longe, de ouvir. Desculpai-me esta face, que se fez resignada: já não é a minha, mas a do tempo, com seus muitos episódios. Desculpai-me não ser bem eu: mas um fantasma de tudo. Recebereis em mim muitos mil anos, é certo, com suas sombras, porém, suas intermináveis sombras. Desculpai-me viver ainda: que os destroços, mesmo os da maior glória, são na verdade só destroços, destroços. A velhice   - Olavo Bilac Olha estas velhas árvores, ma