Em algum momento, durante os anos 1970 e 1980, ocorreu uma grande mudança no mercado em relação aos trabalhadores mais velhos. Como a maré da tecnologia aumentou e a estrutura da indústria mudou, aqueles que anteriormente tinham sido respeitados como os detentores de habilidades, experiência e até mesmo de sabedoria, chegam a ser considerados cada vez mais como obstáculos no caminho do progresso.
Escrito por Scott Waddington(*)
As empresas devem abraçar as oportunidades apresentadas pelos funcionários que permanecem no ramo de trabalho por mais tempo, Scott Waddington escreve.
Em algum momento, durante os anos 1970 e 1980, ocorreu uma grande mudança nas atitudes das pessoas em relação aos trabalhadores mais velhos.
Como a maré da tecnologia aumentou e a estrutura da indústria mudou, aqueles que anteriormente tinham sido respeitados como os detentores de habilidades, experiência e até mesmo de sabedoria, chegam a ser considerados cada vez mais como obstáculos no caminho do progresso.
O fenômeno da aposentadoria antecipada tornou-se cada vez mais comum agora que as empresas têm tido seus tamanhos reduzidos e evoluíram em diferentes tipos de operações e e, inclusive, mais jovem, supostamente mais adaptável, em que a equipe, também mais jovem, tornou-se altamente valorizada em muitos aspectos.
Este culto à juventude tem aumentado em toda a indústria, já que os avanços tecnológicos têm acelerado e nativos digitais têm se encaixado em muitas ocupações recém-criadas.
Tendência insustentável
No entanto, percebemos após poucos anos que a tendência de trabalhadores se tornarem obsoletos com seus 50 anos é simplesmente insustentável.
Mais do que isso, ficou claro que esse processo deve ser eliminado e que devemos sim inverter essa tendência se quisermos evitar um buraco negro das principais habilidades de nossa força de trabalho ao longo da próxima década.
Visto da perspectiva do Reino Unido, os números são gritantes. Ao longo dos próximos 10 anos, 13,5 milhões de ofertas de emprego irão se abrir por meio de novos cargos que estão sendo criados ou através de pessoas que deixarão a força de trabalho e que precisarão ser substituídos. Por outro lado, pouco mais da metade desse número - sete milhões - vão deixar a escola e entrar no ambiente de trabalho.
Business in the Community identificou mais de um milhão de pessoas com idade superior a 50 anos que foram, na realidade, expulsas do mercado de trabalho por questões de saúde ou redundância. Quando eles saem, levam consigo um oceano de habilidades e experiência.
No País de Gales temos 205.000 pessoas com 50 anos ou mais e que são economicamente inativas, muitas das quais estão dispostas e são capazes de trabalhar, mas que enfrentam múltiplas barreiras para recuperar o emprego.
Sem uma mudança nas atitudes e abordagem, o número continuará crescendo na medida que a proporção de idosos da população em geral também aumentará acentuadamente.
Enorme desafio
Estima-se que pelo menos 60.000 dos inativos com mais de 50 anos no País de Gales poderiam voltar a trabalhar muito facilmente com o apoio certo. Mas ainda mais importante, empregadores enfrentam o desafio de reter o número muito maior de idosos ainda ativos.
O Governo do país reconheceu este enorme desafio e o Comitê Empresas e Negócios realizou um inquérito aprofundado sobre as formas pelas quais as pessoas podem permanecer no trabalho por mais tempo. Constatou-se que quase 36% das pessoas com idades entre 50-64 no País de Gales estão fora da força de trabalho. Isso significa uma quantidade imensa de habilidades e experiências sendo desperdiçadas, justo quando são tão necessárias.
A campanha Governo Galês Envelhecendo Bem no País de Gales enfatiza a importância de pessoas mais velhas terem a oportunidade de treinar e prolongar as suas vidas produtivas.
Sabemos que regimes de pensões de hoje funcionam de tal forma que mais pessoas serão forçadas pelas circunstâncias financeiras a trabalhar além da idade tradicional de aposentadoria de 65 anos e que a idade de saída típica continuará subindo em direção aos 70 e mais. Os empregadores precisam abraçar esta situação, não só como um fato da vida, mas como uma grande oportunidade de negócio.
Se no geral o(a) trabalhador(a) está cada vez mais suscetível a trabalhar até que ele ou ela possua quase 70, então alguém que está apenas com 50 tem quase metade de uma vida de trabalho à frente deles.
Como tal, os empregadores devem perceber quais são as competências que os indivíduos necessitam para tornar a próxima fase de sua vida de trabalho mais produtiva e satisfatória. Os insights, maturidade e experiência do trabalhador mais velho devem ser convertidas por meio de treinamento em uma vantagem sólida para as empresas.
Desmitificando
Uma desmitificação será necessária ao longo do caminho; ao se reconhecer que os trabalhadores mais velhos, na verdade, faltam menos por doenças do que os mais jovens e que, quando dada a oportunidade, a maioria deles querem abraçar novas tecnologias e novas habilidades. Acrescente a isso a capacidade de muitos deles em orientar uma nova geração de trabalhadores e empregadores, é nítida a quantidade enorme de valor em manter aqueles que possuem mais de 50.
Eu fiquei muito feliz ao ler uma história recente da empresa siderúrgica Newport que continuou pagando seus 150 trabalhadores mais fortes - muitos em seus 50 e 60 anos - por 18 meses enquanto a empresa estava parada, pois percebeu que não seria capaz de obter aquela habilidade e experiência de volta quando o mercado voltasse a crescer. Todos eles estão agora muito felizes de voltar ao trabalho e são raros os que estão falando em se aposentar.
Realisticamente, são poucas as empresas que podem se dar ao luxo de fazer isso, mas certamente faz sentido investir na construção e adaptação das competências dos trabalhadores mais velhos para aumentar a competitividade e ajudar a evitar um déficit de competências que se aproxima.
A pesquisa mostra que apenas 31% dos empregadores têm uma estratégia de RH para gerenciar sua força de trabalho mais velha, apesar dos números que mostram que eles vão precisar desesperadamente de suas habilidades e compromisso nos próximos anos. Tais estratégias não devem apenas se concentrar em manter aqueles que já estão a bordo, mas deve assegurar que as práticas de recrutamento deem oportunidades para as pessoas mais velhas para competir de forma igual pelas vagas de emprego.
Claramente, mais empregadores precisam dar prioridade a esta questão. Com o apoio certo, incentivo e treino não há nenhuma razão pela qual a maioria dos que têm mais de 50 anos não poderem continuar a trabalhar da mesma forma produtiva como têm feito nos 30-40 anos anteriores.
Alguns podem precisar de flexibilidade do seu empregador para que este permita a demanda de cuidado com a saúde, mas, dada essa flexibilidade, eles não devem ser menos produtivos do que colegas mais jovens.
Com o tempo, os locais de trabalho multigeracional devem tornar-se a norma, com jovens e pessoas de 70 anos de idade trabalhando lado a lado e, espero, que beneficiem com as diferentes perspectivas e coletivamente contribuam para uma operação mais produtiva.
Os trabalhadores mais velhos são potencialmente uma vantagem importante para os empregadores e, com tantos benefícios sociais e de saúde que vêm de emprego de boa qualidade, a sociedade inteira e a economia deverão se beneficiar também.
(*)Scott Waddington é Comissário do País de Gales na Comissão do Emprego e Competências no Reino Unido. Ele também é presidente da SA Brain & Co. Saiba mais, Acesse Aqui Tradução livre de Dhara Lucena. O texto foi traduzido. Acesse Aqui
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