Sugestão de leitura: NOVOS VELHOS de Léa Maria Reis /Grupo Editorial Record/Editora Record A seguir, a entrevista com
a autora a jornalista e escritora Léa Maria Aarão Reis, uma gentileza de Thereza Christina Pereira Jorge do Blog vivacombeleza.com.br/
A jornalista Léa Maria Aarão Reis
lançou um livro profético: “Novos velhos, viver e envelhecer bem”, pela editora
Record, há três anos. A autora define o trabalho como um livro
jornalístico e acredita que a informação pode servir de ponto de partida para
futuras análises.
Durante dois anos, Léa Maria
entrevistou médicos neurologista e oncologista, psicólogos, psicanalistas, uma
demógrafa e uma terapeuta corporal. A pesquisa que deu origem ao livro também
serviu de base para a organização de dois cursos sobre a nova maneira de
envelhecer para a Casa do Saber, no Rio de Janeiro. Léa como grande repórter anteviu
o que a ciência chama de Envelhecimento Ativo, tema do nosso blog. Ou, como
querem alguns, a 4ª Idade.
Como surgiu a ideia do livro?
Há mais de duas décadas levanto
dados no processo de envelhecimento da população do país, especialmente nos
grandes centros urbanos. E isso coincidiu com o meu próprio envelhecimento.
Quem são os novos velhos?
Uma população com mais de 60
anos, economicamente plena e ainda cheia de saúde para aproveitar a vida. No
Brasil, mais de 20 milhões de pessoas que nasceram com o baby boom do pós-guerra, nos anos 40/50, e
viveram as grandes mudanças e as rupturas de comportamento da década de 60.
Eles promovem, pela segunda vez, outra fascinante revolução de costumes.
O que mudou?
Mudou a forma de encarar a vida e
também a morte. Talvez a morte, embora ainda difícil de ser aceita, começa, no
entanto, a ser pensada com certa leveza. Aliás, leveza e senso de humor são
características da geração que foi jovem nos anos 60.
O que acha de termos como
“terceira idade, melhor idade e etc…”?
Não gosto de usar o termo
terceira idade, melhor idade nem feliz idade como alguns, hipocritamente,
denominam a velhice com o objetivo de mostrar que ser velho é ótimo. A velhice
é difícil, especialmente numa sociedade como a nossa que, a todo instante,
desrespeita os idosos e é obcecada pelo mito da eterna juventude.
A seu ver a fantasia da eterna
juventude pode atrapalhar em vez de ajudar?
A fantasia de que somos todos
idealmente astronautas a flutuar em um mundo antigravitacional de beleza eterna
pode ser uma maldição.
Qual o principal desafio dos
brasileiros?
O Estatuto do Idoso é um avanço
na rede de proteção do idoso. Mas é essencial aprimorar a rede pública de
saúde e urbanizar áreas degradadas onde vivem populações pobres. O Estado deve
garantir às classes populares recursos mínimos para acesso aos medicamentos,
vitaminas, cuidados fisioterápicos, esportes, sessões de exercícios físicos e
acesso a alimentos mais saudáveis.
Como enfrentar o problema do
custo do envelhecimento?
O ideal é que os investimentos
nas duas pontas da população sejam equilibrados. No Brasil, por enquanto,
estamos em fase de transição.
Com toda mudança se reflete na
vida sexual ?
A questão não é ser ou não ativo
sexualmente, mas ser ativo ou passivo do ponto de vista econômico. Quem é ativo
neste sentido é mais seguro de si, tem mais autorrespeito e, portanto, é mais
livre para o exercício da sexualidade. A sexualidade dos idosos, no caso das
mulheres, ainda é um assunto abordado com extrema discrição porque envolve a
contemplação do envelhecimento do corpo, como já mostrava Simone de Beauvoir.
Já os homens velhos contam com os estimulantes à sua disposição no mercado para
se reposicionarem sexualmente.
Como aproveitar essa
sobrevida?
Este tempo é um tempo extra. É
necessário saber administrá-lo sem a pretensão de controlá-lo, e não deixar
para amanhã o que se pode fazer hoje porque o tempo vai ficando curto. É
fundamental manter a independência, na medida do possível e até onde der. Deve
aprender também a dizer não. Ser solidário, deixar aflorar a doçura, e brigar,
se for necessário, para manter-se produtivo e no mercado de trabalho que, não
raro, tenta expulsá-lo da cena, até prematuramente.
Em suas entrevistas, quais as
principais preocupações apresentadas?
Percebe-se a ocupação de refinar
e proporcionar um acabamento requintado à própria existência neste mundo, cada
um ao seu modo. E os projetos: todos, também cada qual à sua maneira, falam de
projetos. Isto é emocionante.
Uma última observação?
O envelhecimento global, em todo o Ocidente, é um aspecto
da vida, no século XXI, tão importante quanto o aquecimento do planeta.
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