janeiro 11, 2016
Envelhecer é um privilégio, uma arte, um presente. Somar
cabelos brancos, arrancar folhas no calendário e fazer aniversário deveria ser
sempre um motivo de alegria. De alegria pela vida e pelo que estar aqui
representa.
Todas as nossas
mudanças físicas são reflexo da vida, algo do que nos podemos sentir muito
orgulhosos.
Temos que agradecer
pela oportunidade de fazer aniversário, pois graças a ele, cada dia podemos
compartilhar momentos com aquelas pessoas que mais gostamos, podemos desfrutar
dos prazeres da vida, desenhar sorrisos e construir com nossa presença um mundo
melhor…
As rugas nos fazem
lembrar onde estiveram os sorrisos
As rugas são um
sincero e bonito reflexo da idade, contada com os sorrisos dos nossos rostos.
Mas quando começam a aparecer, nos fazem perceber quão efêmera e fugaz é a
vida.
Como consequência,
frequentemente isso nos faz sentir desajustados e incômodos quando, na verdade,
deveria ser um motivo de alegria. Como é possível que nos entristeça ter a
oportunidade de fazer aniversário?
Porque temos medo
de que, ao envelhecermos, percamos capacidades. Porque pensamos na velhice como
um castigo, de maneira pejorativa e humilhante. Do mesmo modo, fazer
aniversário nos faz olhar para trás e nos expõe ao que fizemos durante nossa
vida.
Dizer obrigado por
cada ano completo
Deveríamos
agradecer à vida pela oportunidade de permanecer e de ter a capacidade e a
consciência de desfrutar. Que sentido tem nos lamentarmos e nos queixarmos por
termos possibilidades? Não é verdade que daríamos o que fosse para ter aqueles
que perdemos do nosso lado? Por que não colocamos vontade na vida e deixamos de
dissimular nosso caminhar?
Fazer aniversário
deveria ser um motivo de alegria. Cada dia conta com 1440 minutos de novas
opções, de maravilhosos pensamentos, de centenas de matizes em nossos
sentimentos. Cada segundo nos faz mais capazes de experimentar e de aproveitar
todas as opções que surgem ao nosso redor.
Cada ano é uma
medalha, uma oportunidade para acumular lembranças, para fazer nossos os
instantes, para soprar as velas com força e orgulho. Deseje continuar cumprindo
sonhos, segundos, minutos, horas, dias, meses e anos… E, sobretudo, poder
celebrá-los com a vida e com as pessoas que o rodeiam.
A seguir, um sábio texto de José
Saramago sobre o assunto:
QUANTOS ANOS TENHO?
Tenho a idade em que as coisas se olham com mais calma, mas com o
interesse de seguir crescendo.
Tenho os anos em que os sonhos começam a se acariciar com os dedos e as
ilusões se tornam esperança.
Tenho os anos em que o amor, às vezes, é uma louca labareda, ansiosa
para se consumir no fogo de uma paixão desejada. E outras, é um remanso de paz,
como o entardecer na praia.
Quantos anos tenho? Não preciso de um número marcar, pois meus desejos
alcançados, as lágrimas que pelo caminho derramei ao ver minhas ilusões
quebradas…
Valem muito mais do que isso.
Valem muito mais do que isso.
O que importa se fizer vinte, quarenta, ou sessenta!
O que importa é a idade que sinto.
Tenho os anos que preciso para viver livre e sem medos.
Para seguir sem temor pelo atalho, pois levo comigo a experiência
adquirida e a força de meus desejos.
Quantos anos tenho? Isso a quem importa! Tenho os anos necessários para perder o medo e fazer o que quero e
sinto.
Não se lamente por
envelhecer. A vida é um presente que nem todos temos o privilégio de desfrutar.
É um frasco de suspiros, de tropeços, de aprendizagens, de prazeres e de
sofrimentos. Por isso, em si mesma, é maravilhosa.
E também por isso é
imprescindível aproveitar cada momento, fazê-lo nosso, nos sentirmos
afortunados. Acumular juventude é uma arte que consiste em fazer com que seja
mais importante a vida dos anos do que os anos de vida.
Não é tão
importante se somamos cabelos brancos, rugas ou se nosso corpo nos pede trégua
a cada manhã. O que verdadeiramente é relevante é crescer, porque no final das
contas, fazer aniversário é inevitável, mas envelhecer é opcional.
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