Você já se
sentiu tratado com menos respeito ou cortesia do que os outros? Já sentiu que
estão te tratando como se você não fosse “tão esperto” ou “tão bom” quanto os
demais que estão no mesmo ambiente que você? Enfim, você já se sentiu
discriminado por causa de sua idade, sexo, renda, etnia, aparência?
Pois
um número surpreendente de idosos relata que já experimentaram situações
discriminatórias: 63%, para ser exato. As informações são de um estudo
publicado recentemente sobre o envelhecimento, no Research On Aging.
Segundo
o autor da pesquisa, o sociólogo Ye Luo da Clemson University, a causa mais
citada para se sentirem discriminados é a idade avançada. 30% dos idosos
entrevistados afirmou já ter sido maltratado por causa de sua idade. A
percepção de ter sido discriminado em função de gênero, raça, deficiência ou
aparência é mencionada por poucos.
A
discriminação, por si só, já é um dado social preocupante. Mas ela não
vem sozinha, vem acompanhada de outro achado da pesquisa: a discriminação, por
um período de dois anos ou mais, está associada a taxas mais elevadas de
depressão e a um pior estado de saúde entre os idosos.
Para
chegar a tais conclusões, Luo e sua equipe analisaram dados sobre a saúde de
6.400 aposentados – todos com mais de 53 anos quando o estudo começou, em
2006 – e aplicaram questionários para descobrir o que eles pensavam sobre
o comportamento discriminatório contra a terceira idade.
Luo
não ficou surpreso com a alta taxa de idosos que disse ter passado por algum
tipo de situação discriminatória, pois os números encontrados por ele são
condizentes com estudos anteriores sobre o tema.
Como
os pesquisadores já esperavam, algumas pessoas estavam mais propensas a relatar
casos de discriminação do que outras. Os negros, aqueles que são separados,
divorciados ou viúvos e aqueles com menor poder aquisitivo relataram níveis
mais elevados de discriminação. Brancos, casados, os que viviam com alguém, bem
como os que contavam com maior poder aquisitivo relataram menos casos de
discriminação.
Dois
anos após a aplicação do questionário, aqueles que apontavam altos níveis de
discriminação apresentavam piores condições de saúde. Depois que os
pesquisadores controlaram o nível de estresse geral (problemas financeiros, por
exemplo, eventos traumáticos ou doenças crônicas), os efeitos mais significativos
da discriminação foram maiores níveis de sintomas depressivos e estado de saúde
inferior ao auto-avaliado.
A
discriminação na terceira idade – “Se ainda precisássemos de qualquer outro
motivo para tentar combater a discriminação contra a terceira idade, ou
qualquer tipo de discriminação, aqui está ele: a atitude discriminatória é
prejudicial para a saúde das pessoas idosas”, afirma a médica Renata Diniz, que
dirige a VRMedCare, empresa especializada em cuidados domiciliares na terceira
idade.
A
discriminação cotidiana é como “um pedágio” que o idoso paga sem perceber.
“Abusos de idosos ocorrem em uma variedade de formas: física, mental, sexual,
financeira e negligência. Idosos que sofrem abuso, negligência e/ou exploração
estão em risco consideravelmente maior de morte prematura”, diz a médica
Vanessa Morais, que também dirige a VRMedCare, empresa especializada em
cuidados domiciliares na terceira idade.
“E
entre os abusadores mais comuns dos idosos estão membros da família,
especialmente cônjuges e filhos adultos. Os idosos que são vítimas de abuso,
muitas vezes, preferem suportar o abuso ao invés de arriscar a perda da
independência, sendo retirado da sua família, ou, eventualmente, sendo forçado
a se mudar para uma casa de repouso”, revela Renata Diniz.
Para
Vanessa Morais, a pouca atenção reflete um medo muito comum na sociedade
moderna: “o medo de ver-nos nas vítimas, de enfrentar o nosso próprio futuro
inevitável: vulnerabilidade e morte. O resultado trágico é a nossa
incapacidade – ou falta de vontade – de nos imaginar em um futuro
distante, potencialmente sozinho e desprotegido. Então, não vemos que a
proteção aos idosos de hoje ajuda a proteger-nos amanhã”, defende a médica.
“Em
uma sociedade tão centrada em priorizar a si mesmo e encontrar a auto-realização,
é irônico que, aparentemente dispensemos tão pouca atenção para os nossos
‘próprios eus futuros’. Precisamos dar mais atenção aos idosos discriminados,
pois é muito importante saber que um dia estaremos no seu lugar”, defende
Renata Diniz.
Fonte:http://www.vrmedcare.com.br/site/?p=573
Comentários
Postar um comentário