O crédito consignado pode ser apontado como a principal dor de cabeça e armadilha para os idosos no Brasil. Apesar de auxiliar e ajudar muitas famílias brasileiras, esta modalidade de empréstimo vem provocando sérios problemas financeiros para milhões de idosos no País.
Recente estudo da Serasa Experian revelou que os inadimplentes com 61 anos ou mais já chegam a 6,99 milhões de pessoas.
Na visão do advogado especialista em Direito do Idoso, Fabricio Sicchierolli Posocco, do escritório Posocco & Associados Advogados e Consultores, duas são as situações mais corriqueiras que agravam os problemas financeiros dos idosos: a exploração ilegal de seus recursos, perpetrada por familiares ou pessoas da comunidade, como apropriação indébita de recursos financeiros ou bens e administração fraudulenta de cartão de benefícios previdenciários, e a contratação de empréstimos oferecidos por agentes financeiros, sem consentimento ou sem pleno conhecimento dos idosos quanto às regras e consequências dos contratos.
A educadora financeira Karen Calixto, da DSOP Educação Financeira, destaca que muitas instituições acabam disponibilizando o crédito consignado acima da capacidade financeira do idoso. “Neste caso, não há uma análise íntegra do custo de vida e comprometimento mensal dos idosos, vindo, assim, a descumprir inclusive com o Estatuto do Idoso, pois deixa de ser garantida e cumprida a legislação vigente, fornecendo uma vida digna e qualitativa a eles. Não há clareza nas informações passadas aos idosos”, relata.
Riscos
Outro grave risco, segundo a educadora, é o desconhecimento financeiro e tecnológico do idoso. “Muitos deles acabam tendo graves problemas por não entenderem ou não terem a informação correta sobre a disponibilidade financeira nos bancos, por exemplo. Eles comparecem nos caixas eletrônicos visualizando como saldo disponível um valor, o qual encontra-se acrescido do limite de cheque especial. Ocorre que, sem entenderem perfeitamente deste sistema por não estarem educados financeiramente e, por necessidade, retiram este valor, iniciando assim o processo de utilização de crédito em instituições financeiras, o que sequencialmente vira endividamento”, explica.
A presidente do IBDP, Jane Berwanger, reforça que o consignado não é uma boa opção, porque em geral os juros são altos e as prestações muito longas. “Os idosos acabam ficando com o benefício reduzido por muito tempo e muitas vezes não se dão conta do número de prestações. Já quanto às armadilhas do crédito, é comum empresas fazerem empréstimos sem que o segurado tenha solicitado. As vezes são familiares que se aproveitam dessa condição”, alerta.
Fabricio Posocco orienta os idosos a só contraírem dívidas se realmente necessário. “O fato de ser disponibilizado ao idoso um crédito mais barato no mercado não significa fundamentalmente a necessidade de se contratar esse crédito. É importante também tomar ciência objetiva de todas as taxas e condições dos empréstimos realizados e não se deixar influenciar pela forte propaganda dos bancos em relação aos empréstimos consignados para idosos/ aposentados”.
O advogado também alerta para o cuidado com o cartão de benefícios do INSS e as senhas. “O cartão e as senhas são alvos de pessoas mal intencionadas. Os idosos também devem tomar cuidado com as facilidades proporcionadas pelo cartão de crédito e os ‘parcelamentos mágicos’, bem como com o empréstimo destes para familiares e amigos”, conclui.
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