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Como viveremos os 30 anos adicionados em nossas vidas?

Ontem
Postei um vídeo em que o professor Kalache nos fala sobre os 30 anos ganhos para vivermos a velhice.
Hoje
Trouxe um trecho das "Considerações finais" do livro publicado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas  em 2004 -  OS NOVOS IDOSOS BRASILEIROS MUITO ALÉM DOS 60?
 
Os novos idosos, ou aqueles que entrarão no grupo etário dos mais de 60 anos a partir de 2010, são os filhos do baby boom, que experimentaram uma redução acentuada na mortalidade infantil. As mulheres vivenciaram os grandes ganhos na escolaridade e entraram maciçamente no mercado de trabalho. Fizeram a revolução na família, casaram, descasaram, recasaram ou não casaram novamente, tiveram menos filhos. O não-casar e o não ter filhos passaram a ser opção.
 A instabilidade das relações afetivas também afetou os homens. Embora se recasem com mais freqüência que as mulheres, mantêm menos vínculos afetivos com os filhos. O aumento do número de relações pode significar maior fragilidade das mesmas.
 O mercado de trabalho também mudou. Parte dessa geração já vivencia os efeitos da sua flexibilização e do “engessamento” da previdência social, que lhe comprometerá a aposentadoria em um futuro próximo. Dentre os homens que tinham de 40 a 69 anos em 2002, 82,2% trabalhavam e 50,3% contribuíam para a seguridade social. As proporções comparáveis para as mulheres foram de 43,1% e 25,2%. Não se sabe por quanto tempo essas pessoas estão contribuindo, mas é difícil esperar que consigam contribuir por 30 anos (se mulher) e 35 anos (se homem) para a aposentadoria por tempo de contribuição, ou 15 anos para a aposentadoria por idade, como requer a Emenda Constitucional 20. Dentre esses, não se encontram os desempregados.
 As perspectivas quanto a uma aposentadoria para os idosos dos próximos 20 anos não são promissoras e são menores ainda para as gerações que têm de 20 a 40 anos. Dificilmente a assistência social poderá gerar renda para esse segmento elevado da população, hoje desempregada e informalizada, quando perder a sua capacidade laborativa.
 Além disso, a transição para a vida adulta está sendo afetada pelas dificuldades no mercado de trabalho e nas relações afetivas. Isso está fazendo com que os jovens adultos passem mais tempo na condição de filhos de pais idosos dependentes de suas rendas. Como essa relação se colocará no futuro próximo, é uma grande interrogação. Com que ajuda poderão contar os futuros jovens na sua transição?
 Por outro lado, a geração dos futuros idosos também está experimentando os grandes avanços da tecnologia médica, cosmetológica, da reposição hormonal e do culto à juventude. O idoso se tornará cada vez mais um ator político, aumentando a sua representatividade política nos governos, no Poder Legislativo, na sociedade civil organizada etc. Isso aumenta a heterogeneidade do segmento idoso.
  Um segmento quer  fazer da juventude uma negação à morte e outro se aproxima dela com sofrimento e carente de cuidados de saúde e emocionais.
 Muito embora se reconheça que os idosos têm demandas específicas, diferenciadas tanto por idade quanto por sexo, para se alcançar “uma sociedade para todas as idades”, como preconizado pelas Nações Unidas, uma política para a população idosa deve estar inserida em uma política de desenvolvimento sustentável, objetivando aumentar o bem-estar de toda a população. Os idosos não vivem isolados e o seu bem-estar está intimamente ligado ao da sociedade como um todo. 
  Assume-se que a finalidade última de qualquer política pública deva ser o bem-estar da população. Para que isso possa ocorrer de forma sustentada, é preciso equilíbrio financeiro. No caso brasileiro, a preocupação com o ajuste fiscal aparece como a finalidade última das políticas públicas, quer dizer, os fins estão sendo trocados pelos meios.
 
O livro completo encontra-se neste endereço:
ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/Arq_29_Livro_Completo.pdf
 
 


 

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